O presidente da Câmara de Coimbra, Carlos Encarnação, considera uma “loucura total” se vier a concretizar-se a extinção da sociedade Metro Mondego (MM).
No OE para 2011, entregue na Assembleia da República, é referido que o Governo vai preparar “uma solução de extinção e integração da Metro Mondego, S.A. na REFER que salvaguarde a promoção do seu objecto social”.
A sociedade MM, é responsável pelo sistema de metro ligeiro de superfície nos municípios de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã, cujas obras arrancaram no início do ano no ramal da Lousã, entre Serpins e Alto de São João (Coimbra).
Criada oficialmente em 1996, a sociedade é constituída pelos acionistas Estado, com 53 por cento do capital, municípios de Coimbra, Lousã e Miranda do Corvo, cada um com 14 por cento, e REFER e CP, ambas com 2,5 por cento cada.
“Se vier a concretizar-se acho que é uma loucura total. O Governo já tinha, pelo menos, cinco anos para perceber se a sociedade devia manter-se ou não”, disse hoje manhã Carlos Encarnação à agência Lusa, antes da sessão de abertura da I Convenção Autárquica do PSD de Coimbra, que decorre durante o dia no Pavilhão Centro Portugal.
O autarca do PSD considera que devia ter existido uma conversa prévia com as autarquias acionistas (Coimbra, Lousã e Miranda do Corvo) para discutir o assunto.
“Se o Governo quer transferir o objeto da MM para outra empresa pública devia ter feito isso há muito tempo, não se compreende que seja só nesta altura que aconteça”, disse.
Por outro lado: “os reflexos que isso tem no projeto, no meu ponto de vista, podem ser catastróficos, não sei se serão ou não, e pode muito bem o projeto ir por água abaixo com este tipo de medidas”, adiantou.
“Vejo a situação muito negra por uma razão muito simples: ou o Estado leva as importâncias necessárias à execução do projeto ao Orçamento de Estado e se compromete com elas ou a Refer não vai ter oportunidade para continuar a garantir o empréstimo que angariou, porque a sua capacidade de endividamento acabou”, sustentou.
Segundo Carlos Encarnação, perdeu-se “uma grande oportunidade em 2005 com o concurso internacional que foi lançado, depois foi só voltar para trás”.
O concurso lançado em fevereiro daquele ano pelo Governo de Santana Lopes viria a ser anulado quatro meses depois pelo Executivo de José Sócrates, pelo não cumprimento de algumas regras estipuladas.