A produção de vinho em Portugal deverá ser este ano de “boa qualidade” e em quantidade “ligeiramente superior” a 2009, fruto de uma campanha com condições climatéricas “não excelentes, mas sem grandes adversidades”.
Em entrevista à agência Lusa, o director do departamento de organização, estudos de mercado e promoção do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) antecipou que a produção ande “em torno dos seis milhões de hectolitros ou um bocadinho mais para cima”, mas ainda muito longe do valor de referência de 7,3 milhões de hectolitros registado na última década.
Ainda assim, recordou Francisco Mateus, a produção prevista para este ano deverá ficar acima dos 5,7 e 5,8 milhões de hectolitros obtidos em 2008 e 2009, respectivamente, anos em que as condições climatéricas prejudicaram o desenvolvimento das uvas.
“Pelo ‘feedback’ que tenho tido acho também que os vinhos vão ser de boa qualidade”, destacou, admitindo que “os recentes focos de calor que houve terão prejudicado a uva, mas são questões localizadas, que têm até a ver com a própria geografia”.
Segundo o responsável do IVV, este ano “não terá sido excelente em questões climatéricas, mas também não foi de grandes adversidades” para o sector: “A vinha dá-se bem em climas mediterrânicos, temperados, e este ano tivemos um Inverno muito frio e alguns focos de calor no verão”, disse, explicando que “na uva tem tudo a ver com um equilíbrio entre os açúcares e os ácidos”.
Com as vindimas já em curso em algumas regiões do país, sobretudo nas zonas mais quentes mais a sul, entrarão depois em acção os enólogos portugueses.
E se os últimos dois anos não foram de muita quantidade, foram, segundo Francisco Mateus, “de uma boa qualidade”, o que “tem também a ver com o saber fazer dos enólogos”.
“Os nossos enólogos, sabendo a matéria-prima que têm, logo vão aplicando as técnicas para retirar dela o melhor e, nos últimos anos, temos tido uma grande melhoria dos nossos processos de vinificação e das nossas práticas enológicas”, considerou.
No que respeita aos preços do vinho, o responsável do IVV admite que a subida da produção, ainda que ligeira, os pressione em baixa.
“Como em todos os produtos, e ainda mais tendo em conta o contexto económico em que estamos, uma alta de produção vai, certamente, pressionar os produtores no que diz respeito aos preços, mas isso são as regras da economia: se a oferta é superior e a procura está a descer vai haver sempre pressão para o preço baixar”, referiu.