Fornos de Algodres reclama para si o título de “Maior Mercado de Queijo Artesanal”. Talvez o seja quanto ao fabrico do Queijo Serra da Estrela, uma das principais actividades neste concelho do distrito da Guarda onde escasseia a indústria mas compensada pela terra bela, embora pouco fértil, ambiente puro e paisagem invejável.
O presidente da Câmara Municipal de Fornos de Algodres fala de uma concelho do interior do país, onde “há carências graves”, contudo, há um conjunto de infra-estruturas que têm vindo a melhorar a qualidade de vida dos habitantes.
Outro aspecto destacado pelo autarca prende-se com o facto de se continuarem a manter “as tradições”. São importantes, afirma. São mesmo uma forma de unir a população e os que escolhem o concelho para visitar.
Em tempo de festa, o edil não deixa, no entanto, de reconhecer que a autarquia a preside “é prejudicada com as transferências do Governo”.
Marcadamente rural, o concelho tem 131, 04 quilómetros quadrados, atingindo 511 metros de altitude no seu local mais elevado, sendo o mais pequeno do distrito da Guarda, depois de Manteigas.
O terreno é acidentado, tem um clima moderado e no rio Mondego, que bordeja a sede do concelho, um dos seus maiores cartazes de beleza, verdadeiro local de veraneio e lazer.
O solo é pouco fértil e por isso a agricultura tem características familiares, de subsistência, proliferando uma diversificação associada à floresta onde abunda o pinheiro bravo, a oliveira e a vinha.
O relevo é muito montanhoso para Oeste, com povoamento concentrado a Sul. O concelho é constituído por 16 freguesias, nomeadamente Algodres, Casal Vasco, Cortiço, Figueiró da Granja, Fornos de Algodres, Fuinhas, Ínfias, Juncais, Maceira, Matança, Muxagata, Queiriz, Sobral Pichorro, Vila Chã, Vila Ruiva e Vila Soeiro do Chão.
Fornos é o nome próprio da Vila e Algodres é seu complemento designativo. Mas Algodres era no passado e antes de ficar adstrito a Fornos, um concelho importante, onde a família dos Cabrais (de Pedro Álvares Cabral) tinha profundas marcas e brasões.
O nome da sede de concelho é ainda justificado por ali terem existido muitos fornos onde se cozia pão para os habitantes, não só do lugar, como dos lugares vizinhos, entre os quais se destacava Algodres, sobranceiro á actual vila.
Os cinco concelhos, com seu Foral e Pelourinho, casa da Câmara e Cadeia eram: Algodres, Figueiró da Granja, matança, Infias e Casal do Monte.
D. Dinis concedeu Foral a Fornos em 1314 e a sua manutenção e elevação a sede de concelho em muito se deve á tenacidade dos seus habitantes, ao espírito liberal designadamente de Costa Cabral, o Marquês de Tomar, que aqui tinha seu solar e capela, que obteve para Fornos de Algodres o título de sede de concelho.
A vila está implantada numa colina subjacente à Serra da Esgalhada, mais parecendo um presépio, tal a disposição do casario.
A região pode dividir-se em terra fria, terra quente e além Mondego, onde se cultivam predominantemente o milho, centeio, cevada, feijão, fava, frutos secos, azeite, batata, bom vinho (do Dão), fruta e, naturalmente por excelência, pastoreiam os rebanhos que darão o Queijo da Serra da Estrela.
A região foi povoada desde tempos recuados, podendo mesmo alvitrar-se o período do Paleolítico, posteriormente povoada por Celtas (Lusitanos), Romanos, Mouros, reconquistada pelos Godos, desenvolvida no período medieval e posteriores.
Fornos foi elevada a vila em 1811, conservando os Foros e Tradições de Algodres, freguesia onde se destaca pela sua monumentalidade a Igreja da Misericórdia, de fachada joanina, apresentando um pórtico com volutas e frontão barroco.