A volta pela esquerda que o helicóptero papal executou, ao sobrevoar pela primeira vez o santuário, foi o primeiro momento de entusiasmo sentido pelos peregrinos em Fátima. O êxtase, todavia, chegou meia hora depois com a entrada do papamóvel no recinto e a oração do Santo Padre na Capela das Aparições. O tempo de mais profunda reflexão ficou reservado para a procissão das velas.
Entre os cerca de 100 mil fiéis que ontem estiveram em Fátima, alguns dos mais felizes foram os que durante dois minutos estiveram junto à viatura do Sumo Pontífice, à saída do parque de estacionamento onde aterrou o helicóptero papal. Beneficiaram das dificuldades de logística que representou a formação do cortejo de veículos oficiais entre a zona do estádio municipal e o santuário.
Depois, à chegada ao terreiro de Nossa Senhora de Fátima, levantaram-se as bandeiras e os lenços para saudar Sua Santidade e caíram uns pingos breves de chuva.
Tal como havia acontecido em Lisboa, Bento XVI surpreendeu muitos pelo seu sorriso permanente e o seu afecto dedicado às pessoas mais próximas, tal como às reacções da multidão que se tem congregado à sua volta.
D. António Marto, bispo de Leiria/Fátima têm-se revelado um simpático anfitrião, atitude reconhecida pela comitiva do Vaticano.
No dia em que a visita do papa a Portugal assumiu uma vertente mais confessional, Bento XVI agradeceu aos sacerdotes, diáconos e seminaristas presentes na celebração das “vésperas” o seu “testemunho muitas vezes silencioso e nada fácil”.
Mais à frente acabou por citar o seu antecessor, João Paulo II, para dizer que, para aqueles que são baptizados, “seria um contra-senso contentar-se com uma vida medíocre”. Assim, desafiou os “irmãos no sacerdócio” a suscitar “novas vocações sacerdotais entre os fiéis”.