A Associação Académica de Coimbra/Organismo Autónomo de Futebol está a meia dúzia de artigos de terminar uma completa revisão dos seus Estatutos.
A sua originalidade começa na necessidade de várias sessões da reunião da Assembleia-Geral para que pudesse chegar-se a tal ponto. Coimbra e a Académica continuam a ser sinónimo de debates elaborados e apaixonados, e entidades repletas de cidadania informada.
Depois, cumpre sublinhar que, com duas ou três excepções useiras e vezeiras, a troca de impressões decorreu a um nível que suspeito inédito nas organizações desportivas que competem com a Académica.
Todavia, indo ao essencial, eis algumas das alterações fundamentais: desde logo, uma melhor arrumação sistemática das matérias e disciplinares, que se tornam, mercê do que disse e de algumas inovações, mais transparentes e “seguras”.
Depois, também as matérias económicas e financeiras se adequam aos tempos que correm, designadamente, fazendo coincidir o exercício económico com a época desportiva.
A mesma coincidência, aliás, que passa a verificar-se com a data de realização de eleições, que decorrerão, doravante, em final de temporada. Só mesmo um juízo de carácter pouco elegante poderia pensar que uma direcção cessante usaria esta compaginação lógica para sabotar as possibilidades de escolha de um futuro elenco, contratando e dispensando atletas por puro despeito; com a época de transferências de Janeiro a própria ideia é absurda (poderia contratar-se a meio do ano, não havendo que esperar, se houvesse intuitos malignos). Acresce que Maio/Junho é uma altura suficiente para um novo elenco preparar o essencial da época.
Por outro lado, admite-se o voto por correspondência, terminando com dificuldades de deslocação de muitos associados e aumentando a democraticidade do sufrágio.
O mesmo desiderato se consegue, diga-se, pela eleição do Conselho Académico por um sistema de representação proporcional, segundo o método da média mais alta de Hondt.
Dignificando um acto de gravidade acrescida, estabelece-se, mais adiante, uma dupla maioria para destituir uma direcção: 2/3 dos associados presentes, desde que correspondam a um mínimo de 5% da totalidade dos sócios com quotas pagas.
Trata-se de um número não exagerado (pouco mais de 230 associados, à data actual) e que evita, ao mesmo passo, que se confunda a Assembleia-Geral da Académica com uma reunião de alunos do ensino secundário, salvo o devido respeito.
Por fim, a possibilidade de remunerar, com limites salariais, um máximo de três membros da Direcção (por deliberação do Conselho Fiscal e mediante parecer do Conselho Académico) prepara a Académica para os tempos modernos, sem que seja necessária a conversão em sociedade anónima desportiva, algo que repudio.
Numa revisão para a qual contribuíram os órgãos sociais e associados em nome individual (entre os quais destacadas figuras da vida académica), deu-se um passo para a era de qualidade, que deve seguir-se ao actual período de estabilidade.