Intervindo na tertúlia 125 minutos com… Fátima Campos Ferreira, Fernando Nobre defendeu que no exercício de certas funções de Estado, como os titulares de órgãos de soberania, “a pessoa precisa de estar na plena posse dos seus meios”.
Questionado pela anfitriã da tertúlia se um exame clínico a um titular de um órgão de soberania não diz respeito à esfera privada da pessoa, o candidato presidencial recusou que assim seja.
“Não. Quando se é presidente da República acho que o povo precisa de saber se o seu representante máximo está na plena posse das suas faculdades”, exemplificou.
Fernando Nobre acrescentou que, caso seja eleito, se submeterá a exames médicos periódicos “sem o mínimo receio”.
Defendeu ainda que os exames clínicos sejam feitos “por uma junta médica isenta, nomeada pelo Estado, com os maiores peritos na área”.
“Qual é o problema? De três em três meses ou de seis em seis meses o povo saber que o seu rei, o seu Presidente da República, o seu Primeiro-ministro está em condições de saúde para continuar a exercer as suas funções”, prosseguiu.
A questão das condições de saúde dos titulares de órgãos de soberania foi suscitada por Fernando Nobre, já na parte final da tertúlia, depois da jornalista o ter inquirido sobre se a sua candidatura “é para levar até ao fim”.
O candidato presidencial respondeu que está na corrida “até ao fim”, a não ser que morra num acidente de automóvel, leve um tiro na cabeça ou lhe seja diagnosticado um cancro.
“Quando se está em funções de chefia ou possível chefia há que falar com frontalidade. Se daqui a três, quatro meses, me for detetado um cancro farei uma conferência de imprensa, com dados objetivos, para mostrar que já não estou em condições de me candidatar”, disse.
Recordou, igualmente, o livro “Estes Doentes que Nos Governam”, editado em 1977, sobre dirigentes mundiais portadores de doenças com influência no seu raciocínio, cujo conteúdo classificou de “dramático”.
“Não estavam em condições objetivas para governar, deviam ter dito aos seus povos”, frisou.
No final da sessão, em declarações aos jornalistas, Fernando Nobre esclareceu que quando se referiu aos exames médicos periódicos para titulares de órgãos de soberania não se referia a ninguém em particular mas antes a si próprio.
“Estava a falar de mim próprio (…) É uma decisão que tenho interiorizada em mim, seja que função exerça. Sei pela minha profissão [médico] que há certas doenças que me perturbariam emocionalmente e portanto, a título pessoal, perante certas circunstâncias, eu assumiria ou teria de assumir [a doença]”, explicou.