Aos oito anos, Afonso pediu à mãe “que não lhe fizesse a desfeita” e o deixasse ir à procissão penitencial da Rainha Santa. A mãe nem queria acreditar no que ouvia, mas ontem lá estava no adro do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova para acompanhar tudo do início ao fim.
Com Afonso e a mãe estava o pequeno Santiago, de nove meses, vestido de anjo. A avó, Fernanda Tomás, aproxima-se e explica que a fé está nesta família de Coimbra “há muitos anos e tem passado de geração em geração”. Cheia de orgulho, conta também que o filho, Nelson, é “um dos que carrega o andor”.
“Tenho muita fé, muita”. Fernanda fala depressa porque quer contar que foi a imagem de Isabel de Aragão que viu quando fechou os olhos “numa operação à cabeça que durou onze horas” e a podia ter deixado cega. “Hoje estou aqui bem, ando, falo, vejo e foi a imagem dela que vi”, repete de olhos acesos como as velas que vão iluminando o adro. Luz e rosas para lembrar o milagre da mulher que transformou o pão que dava aos pobres em rosas.
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