Errática.
É a forma como são programados os investimentos municipais por esta autarquia. Primeiro, vem uma ideia a público, depois “logo se vê”. Vejamos dois exemplos: o Coimbra International Airport e as praias fluviais.
No primeiro, a ideia foi desenhada à “mão levantada” pelo presidente da CMC como bandeira de campanha autárquica, sem que (se) soubesse se era viável, ou seja, foi desenhada apenas e só como uma “ideia gira” para a cidade e, quiçá, para a região. Finda a campanha e iniciado o mandato, lá se soube que existiam uns estudos para o efeito na CMC, mas são se sabia onde paravam. A custo foram encontrados e serviram para dizer que têm de ser revistos. Pois bem, a obra esteve para avançar de imediato antes disso, a sua localização já passou a ser Monte Real e neste momento logo se verá quando e onde vai ser.
O segundo caso é a “praia” do presidente da CMC e um postal ilustrado do seu modelo de governação: não ser como as águas do rio e não ter uma direção nem um sentido para os investimentos na cidade. Para este presidente, fazer uma praia junto ao Choupal ou fazê-la no Rebolim é a mesma coisa. O que (lhe) interessa é ter uma praia mais próxima da cidade, para poder dizer que é uma praia fluvial urbana, mesmo não o sendo. Mesmo não oferecendo nada diferente do que é oferecido há anos pela (sucessivamente premiada) praia de Palheiros e Zorro. Para este presidente, o que interessa é ter outra praia. Mais uma, rio abaixo. Mesmo não sabendo para quem e não dizendo quais são as características vantajosas que o Rebolim tem, se comparado com outros setores das margens do Mondego, claramente urbanos. Mesmo não dizendo qual será o conceito que estará na base do seu projeto e mesmo sem assegurar que, por ser um investimento público, o projeto será objeto de concurso público ou desenvolvido com a participação da população.
Numa das primeiras ações de campanha para as autárquicas de 2017, o CpC trouxe a público uma visão para a cidade defendida há muito: a sua recentragem no rio. Defendeu esse conceito, como continua a defender, entendendo que os investimentos no Mondego devem constituir fatores de estimulação económica, reforço da coesão social e (re)qualificação paisagística e ambiental da área central da cidade.
Nessa altura defendeu-se uma praia fluvial, mas claramente urbana. Um espaço que valesse pelo usufruto e pela sociabilização que poderia proporcionar, com base em características diferenciadoras. O mote era o Mondego, mas o objetivo não era (apenas) mais uma praia fluvial. Era a criação ou requalificação de espaço público com relação direta com o rio para que quem quisesse fosse a banhos, porque o que a cidade precisa não tem resposta por via da quantidade, mas tão só por via da qualidade. Não é “mais uma praia”, mas sim “mais praia” que Coimbra precisa. Mas, infelizmente, a criatividade e o discurso da qualidade são desconhecidos por estes autarcas. A começar pelo presidente.
Temos pena!