Em 21 de Agosto de 1823, um Rei zeloso decidiu:

“Eu El-Rei Faço saber aos que este Alvará virem: Que Havendo a Rainha Minha Senhora, e Mãe, que está no Céu, por Carta Régia de três de Junho de mil setecentos e oitenta e dois, dirigida ao Reformador Reitor da Universidade de Coimbra, instaurado o Juízo das Informações na mesma Universidade, com o expresso fim de se verificar o merecimento, e préstimo das pessoas” .

Também agora que está o país pejado de tanta incompetente loucura, seria necessário avaliar o “merecimento e préstimo das pessoas” alcandoradas aos rendosos lugares do mando. De facto, ainda há pouco o calor começou a apertar e já o comboio onde vinha, ao chegar perto de Coimbra, parou na Adémia por causa de um incêndio. Foi coisa de pouca monta, mas toda a gente que o soube estranhou.

Ninguém estranha, mas só por ser comum, que alguns senhores que mandam provoquem situações sem solução, como é o caso da lei das rendas, pois alguns homens e mulheres têm de abandonar as casas, em que sempre viveram, por os senhorios poderem agora aumentar as rendas para valores incomportáveis pelos baixos salários ou pelas reformas que as pretéritas políticas reduziram de forma abjetamente injusta.

Muitos estranham que o Interior esteja despovoado, mas ninguém quer ver como a política económica foi enviesando e distorcendo a ocupação do território através de fecho ou não criação de serviços públicos essenciais a uma vida com qualidade, obrigando muitos a deixar a sua vila ou cidade para acederem a eles no Litoral. E disso ninguém fala, nem, os mandões querem que se fale.

Também muitas infraestruturas públicas essenciais a investimentos na economia local foram sendo adiadas e, assim, o essencial para uma correta ocupação do território não aconteceu. E assim aconteceram os territórios de baixa densidade. Outras por falta de capacidade de gestão local não foram concretizadas simplesmente.

E só isto digo para não falar de fraudes e desvio de verbas para partes incertas do mundo. Para estas foram também os capitais que faltam agora nos nossos descapitalizados bancos. E para estes vão agora os nossos impostos e, também umas comissões retiradas das nossas contas para tapar os buracos financeiros, os que uns banqueiros mal-amanhados foram criando por imprudência…e outras razões inconfessáveis…

Provavelmente dirão que não foi por falta de qualificações, mas também a honestidade é uma qualidade que muito nos tem faltado.

Infelizmente, os Povos não a têm exigido.