Era uma vez… uma história de ciúme e traição.
Em tempos idos (mas recentes), Costa ergueu-se como o Sete-Sóis de Saramago, construiu uma Passarola e quis voar, numa cidade que parecia uma ‘pocilga’, num reino sem descendência. Aproveitou o infortúnio alheio e prometeu filhos a perder de vista. Detalhes à parte, a população, crédula, rejubilou e confiou-lhe o futuro da Nação. Mas, desgraçadamente, a barriga de um país emagrecido e infecundo teimou em não crescer.
Engenhocas como ninguém, Costa Sete-Sóis instalou-se na Geringonça e ali partilhou o leito com dois parceiros (tinha ainda uma outra apaixonada, mas menos convicta, a Heloísa).
Catarina e Jerónimo, os concubinos, modernaços, não quiseram ser desposados, gozaram o que havia para gozar, mas recusaram-se a tratar da roupa suja. E começou a discórdia: dos arrufos às injúrias, até à esconjurada traição anunciada pelo amigo Ascenso.
Ora, por esta altura, importa que façamos um ponto de ordem:
– Ó Ascenso, qual traição? Aquilo não era uma ‘relação aberta’, para puro deleite de todos, sem as penosas obrigações do antiquado matrimónio? Então, quer lá ver que a Catarina afinal quer mesmo casar? E até aceita desfilar com véu e grinalda? Se calhar, aproveita e resolve mesmo alguns problemas familiares, convidando os parentes desavindos para a boda? (“- Daniel, ó Oliveira, tu és parente da noiva e amigo do noivo… calça lá as meias pelo joelho, veste os calções, ajeita o papillon e ainda levas as alianças!” Que candura de garoto! A canalhada é assim, compõe qualquer boda). O Jerónimo, esse, não se oporá. Desgostado com o poliamor, voltará à austeridade do convento e retomará as preces do costume. E assim, abençoados, enquanto tiverem crédito da Senhora Alemã, voltarão a ser felizes, os petizes. Por isso, Ascenso, avise lá os seus coleguinhas de turma e calem-se de vez com a história da traição. Ninguém espera fidelidade num casamento tão conveniente. Discrição, talvez…. Seja moderno, Ascenso! A moça afinal quer casar e amuou, fez umas cenas de ciúme, nada de mais… Está a lutar pela relação, mulher de garra!
E o rival, como de costume, aproveitou a desavença do casal. Rio tratou de se pavonear à frente do seu amado e lá foi dizendo ao pretendente que é um homem sério, responsável e anti populista, que se manterá ao seu lado nos momentos difíceis.
Até o tal parente afastado da Catarina (o gaiato das meias pelo joelho, ex- PCP, ex-BE, ex-Livre, futuro-n’importe quoi) veio avisar que afinal concorda com a actual carga de impostos, tendo em conta “as dificuldades financeiras que existem nos serviços públicos”. (Percebi com alívio que o dito rapaz não é tão estúpido quanto eu julgara, apenas não terá sido informado sobre as dificuldades dos serviços públicos durante a governação do Passos). Pobrezinho, precisa de abrigo.
São dois estilos: a nubente, foliona, pronta para festas e anúncios felizes, por um lado; e o noivo, ciente das responsabilidades, companheiro na adversidade, por outro.
A sua bonomia faz furor e é disputada, Costa! A escolha é sua!
Mas, tenha cuidado, porque nalguns casamentos fornica-se todos os dias, quer o noivo esteja, quer não esteja.
PS: A Geringonça lembra-me a Passarola do Memorial do Convento, comandada por um Costa Sete-Sóis; ela, cada vez mais enferrujada, ele desde (e para) sempre maneta! Ajude-o, Catarina Blimunda, ajude-o, antes que o Rio o leve. Olhe que o Tsipras já pôs gravata… e à Catarina, olaré, não ficariam nada mal uma sainha travada e um sapatinho de salto!
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