Um dia, na convicção de que viajar a Marte e regressar seria uma quase impossibilidade, a direcção de uma empresa aeroespacial resolveu fazer um inquérito a voluntários.
Muitos responderam, talvez confiantes que o prémio fosse bom e, ao regressar, o seu nível de vida evoluísse para uma dimensão estratosférica.
Pensando rápido, lenta foi a capacidade de escolher quem seriam os 3 felizes contemplados para ser presentes à entrevista.
Um deles seria das Américas – o que de todo seria natural, tanto pela informação que dispõem, como pela ignorância absoluta sobre o mundo – outro seria da Ásia, dada a confusão instalada no continente e que sempre sobrevive em e sobre brasas – e outro seria da Europa, dado ser o continente que dominou todos os outros.
De fora ficou África e o Médio Oriente; um pela exploração secular desenfreada que os atirou para a cauda do mundo, e o outro pelos contantes conflitos existentes, nunca se sabendo se vai sobrar alguém para contar aos netos.
Na Europa, qual haveria de ser o País escolhido? Por exclusão de partes, por muitas partes, a escolha recaiu sobre o “rectângulo à beira mar plantado”! Nós, claro! Ninguém sabe de que zona. Mas tal também não se tornava imperioso.
No dia aprazado, lá se apresentaram os 3 voluntários para a entrevista.
O das Américas, respondendo à pergunta, quanto queria receber para ir a Marte, lá respondeu com alguma vergonha; 1 milhão e quinhentos mil dólares!
Eh lá, retorquiu o entrevistador, e para que você quer tanto dinheiro?
P
ara já não é muito, disse o voluntário. Mas se por acaso não regressar, 500 mil seriam para a minha mulher, outros 500 mil para o meu filho e os outros 500 mil para a minha amante! Sim, porque ter uma amante fica sempre bem…e caro! Mas só para alguns. Quando é a banca a pagar…fica de borla!
O das Ásias, mais conservador, lá disse que queria o mesmo caroço. Mas lá foi dizendo que, uma parte seria para a mulher, outra parte para o filho, e a outra, o terceiro terço, para a Mãe que, apesar de velhinha também tinha direitos.
O entrevistador estava crente que o Tuga iria fazer o mesmo tipo de proposta. Afinal, poderiam ter combinado entre eles!
Não parecia uma pessoa comum. Vestido com um blazer marron a sair do alfaiate, camisa mais ou menos alaranjada e gravata rósea. Percebia-se que a traça tinha atacado as calças, o sapatinho mal engraxado e a meia branca indiciava que tinha tido uma lesão apoquentadora no tendão de Aquiles. Ou seja, uma mistura de tudo o que há de bom no País, desde Trás os Montes ao Algarve, passando por Cascais.
Com surpresa, lá respondeu ao entrevistador que queria, não milhão e meio de dólares mas milhão e meio de euros, porque o burro do Trump se prepara para caldeirar o Irão e toda zona.
Você pensa que sou parvo, ou quê?
Olha outro a querer muito dinheiro, pensou o manhoso do entrevistador.
Mas afinal, para que quer você milhão e meio de euros?
Mas então, não se está mesmo a ver:
500 mil para si, 500 mil para mim, e 500 mil para um atrasado mental qualquer que queira ir a Marte!
O que vale é que “isto tudo” é ficção! Ai não, não é! Será?