Mais uma vez hesito em escrever sobre um assunto em que não sou verdadeiramente um conhecedor, mas faço-o como alguém atento ao que se passa neste País e no mundo.
Gostaria dessa forma de vos expor algumas dúvidas que me ocorrem relativamente ao desenrolar da guerra na Síria.
Não há dúvida nenhuma que o Sr. Bashar al-Assad com o apoio da Rússia está na iminência de ganhar uma guerra que, se por um lado, será contra alguns opositores do regime, para mim é fundamentalmente uma guerra contra os terroristas que invadem o mundo para cometer os ataques mais bárbaros em nome de Ala.
Se isso for conseguido, apesar de tudo, à custa de alguns milhares de vidas humanas, muitos civis inocentes, cuja responsabilidade deve ser também atribuída aos terroristas que nesse território formavam as suas células para ataques indiscriminados a todo o mundo, teremos de repudiar, mas saber separar o “trigo do joio”.
É bom não esquecer que o presidente da Síria é um acérrimo defensor dos cristãos e judeus que vivem nesse País e estas guerras têm todas um fortíssimo caris religioso.
Quando se começou a falar, ainda estava eu no Parlamento, das primaveras árabes, logo expressei a minha desconfiança, tendo aliás, comentado várias vezes que as “primaveras se transformariam em outonos e rapidamente em invernos”, o que aliás veio a acontecer na maioria dos países em que o Ocidente quis implementar democracias.
Não há dúvida nenhuma que a invasão do Iraque foi seguramente uma das maiores machadadas na credibilidade dos países envolvidos pois para além da morte do sanguinário ditador, Saddam Hussein, nunca uma arma de destruição maciça foi descoberta, e à conta disso destruiu-se um País e morreram centenas de milhares de pessoas.
Deveria, tal situação, servir de exemplo ao Ocidente e quando havia sido enviada uma delegação independente para in loco verificar da existência do ataque químico, que tipo de arma havia sido utilizada e, quanto a mim, o mais importante, quem a utilizou.
Confesso que ao ver as imagens na televisão, repetidas até à exaustão, e que nos deixam uma tristeza irreprimível de crianças a morrer com falta de ar, questionei-me se não seria um filme montado pelos ditos terroristas que, como sabemos, aterrorizavam, prendiam e usavam as crianças e os civis sírios, como escudos humanos.
Alguém me pode explicar a que título e porquê o Sr. Bashar al-Assad daria ordens para se usar esse tipo de armas que há muito deviam ser banidas da face da terra, estando prestes a ganhar a guerra?
Pergunto, por outro lado, se o Sr. Trump e a Sra. Theresa May não pretenderam desviar as atenções, o primeiro, de uma política “desastrosa”, sem rumo e sem princípios, a segunda, vivendo das sequelas de um Brexit que ela própria ajudou a criar e que cada vez levanta mais contestação na Grã-Bretanha.
Emmanuel Macron é para mim uma incógnita pois não vejo qual o alcance da sua gestão deste conflito.
Ao verificarmos e nos debruçarmos sobre a gestão da causa africana por parte do Ocidente, ficamos com a convicção de que embora cheios de boa vontade e de princípios conseguimos apenas criar países onde se continua a morrer na mais miserável das misérias, onde oligarquias comandam a seu belo prazer milhões de seres humanos que não conseguem o mínimo de dignidade ou de bem-estar.
A oligarquia russa é seguramente uma das mais perigosas do mundo e o Sr. Putin, como seu chefe incontestável, alguém que o Ocidente não deve menosprezar.
Temos que encontrar canais diplomáticos que consigam ultrapassar aparentes divergências insanáveis, na certeza de que para mim a China e o seu regime serão seguramente aqueles que mais tarde ou mais cedo, tentarão tomar conta do mundo.
Não tenho nenhuma palavra de esperança como é meu hábito para vos deixar, pois entendo que esta reflexão que vos escrevo não me parece trazer nada de bom para o futuro da humanidade.
Resta-nos a nossa forma de ser e de estar na vida, e através delas encontrar soluções para podermos ser orientação e caminho.
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