O que para aí se fala das maternidades de Coimbra! O que se pretende?
Uma delegação do PCP, integrada pela deputada Ana Mesquita, encontrou-se recentemente com representantes dos trabalhadores das Maternidades Daniel de Matos e Bissaya Barreto, designadamente, com os Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas, dos Enfermeiros Portugueses, dos Médicos da Zona Centro, e ainda com a Secção Regional da Ordem dos Médicos. Qual a avaliação da situação em que se encontram estas unidades de saúde? Que soluções?
Os profissionais de saúde têm contribuído de forma dedicada e generosa para a prestação de cuidados de excelência em ambas as maternidades, apesar do seu crónico subfinanciamento, gerador de enormes dificuldades de funcionamento.
É evidente a degradação física das instalações, designadamente na “Daniel de Matos”, e a asfixia de meios materiais e humanos nas duas maternidades.
Agora, multiplicam-se os anúncios de construção de uma nova maternidade, encerrando-se as duas unidades existentes. No espaço dos HUC, diz-se. Talvez assim tenhamos o maior campus hospitalar do mundo! Esta solução afigura-se como uma verdadeira “fuga para a frente”. Há problemas urgentes nas maternidades que carecem de solução. Solução que não pode ser adiada nem ficar à espera de um qualquer projecto cujos contornos são desconhecidos.
Nas Maternidades Daniel de Matos e Bissaya Barreto realizam-se cerca de 5 000 partos anualmente, 2 500 em cada. Presta-se um apoio perinatal diferenciado com serviço de Ginecologia/Obstetrícia e Cuidados Intensivos Neonatais. Fundi-las para criar uma única mega unidade, a maior do país, não é praticável, na opinião dos profissionais. Ou será que se equaciona a entrega de uma parte significativa dos partos aos privados, “aliviando” o serviço público? Interesses empresariais instalados na cidade aguardam a sua oportunidade. Talvez até os mesmos que, por vezes, se socorrem do INEM para transferir doentes para as urgências dos CHUC.
Um processo precipitado de fusão das duas maternidades, situadas em espaços apetecíveis, numa única maternidade insere-se na lógica da anterior (con)fusão dos oito hospitais de Coimbra. Não serve os interesses de utentes e trabalhadores.
Os problemas das maternidades de Coimbra resolvem-se pela valorização dos Serviços Públicos e dos seus profissionais e não ao arrepio ou prejudicando o Serviço Nacional de Saúde.
Façam-se intervenções e obras de beneficiação urgentes, travando a sua degradação. Modernizem-se as suas instalações e serviços. Assegure-se a qualidade e a segurança. Suprima-se a carência de médicos, enfermeiros, auxiliares e outros técnicos, dando aos profissionais todas as condições que permitam assegurar o exercício pleno das suas funções.
O SNS tem de continuar a assegurar que se nasça em Coimbra com qualidade para mães e bebés. Um direito que não está à venda. Não pode estar.
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