Coimbra dispõe de uma posição geográfica estratégica, quer ao nível regional quer nacional. Apesar disso, não tem sabido tirar partido dessa posição, deixando-se atrasar no caminho das acessibilidades e do desenvolvimento. A atração turística e de investimento empresarial, que deve ser um desígnio local prioritário, esbarra numa deficiente política local e vê-se bloqueada pela realidade infraestrutural na região.
Uma situação indizível é a ligação de Coimbra a Viseu em perfil de autoestrada, eternamente adiada, enquanto se assiste passivamente a mais de 6 mortes anuais e à contínua e perigosa degradação do IP3. O Plano Rodoviário Nacional de 2000, enquanto instrumento que define a rede nacional de infraestruturas rodoviárias, já identificava o IP3 como um ativo de extrema relevância no suporte à competitividade regional e nacional e à promoção da coesão e integração territorial.
A abertura ao serviço dos dois trechos extremos (A14 – Figueira da Foz-Coimbra e A24 – Viseu-Chaves) evidencia, ainda mais, a descontinuidade deste itinerário, permanecendo por construir o trecho intermédio, que, curiosamente, responde ao maior volume de tráfego ( 18 000 veículos diários).
Em 2015, o IP3 foi considerado investimento prioritário no PETI3+ em termos de necessidades rodoviárias, logo a seguir ao Túnel do Marão. Previa-se assim dar continuidade à A13, subaproveitada e interrompida de forma abrupta nas margens do Ceira, ligando-a ao IP3/IC12 e, por sua vez, à A25 (em Mangualde), garantindo a ligação a Viseu e à A1, em Condeixa.
Estaria assegurada a ligação de Coimbra a toda a rede fundamental de autoestradas, ao resto do país e, da maior importância, à vizinha Espanha/Europa. Três anos depois mantemo-nos na “estaca zero”.
A CMC revela-se incapaz de assumir um papel líder na defesa desta ligação estratégica, limitando-se a uma retórica de promessas e intenções inconsequentes, em que já ninguém acredita.
Outro exemplo inexplicável é o nó do Almegue, que diariamente impõe demoras tremendas aos mais de 5000 veículos que aí confluem em hora de ponta. Este problema, existente desde a construção ( 2010 ), foi objeto de estudo protocolado entre a CMC e a UC. Comprovou-se que o recurso a um sistema semaforizado, totalmente atuado e de baixo custo, permite eliminar de imediato os congestionamentos, enquanto se aguarda pelo desnivelamento associado à construção da nova ponte sobre o Rio Mondego. É tempo da CMC assumir um papel ativo, em prol dos milhares de munícipes vitimas deste “inconseguimento”, exigindo intervenção ou substituindo-se às Infraestruturas de Portugal.
Do que é que as entidades responsáveis estão à espera?
A acessibilidade é um importante fator de diferenciação territorial, sendo determinante na conformação e no desenvolvimento urbano e suburbano.
Não há barreiras inultrapassáveis, por isso a CMC tem de ser mais ativa, encontrar soluções que respondam às necessidades das populações e saber exigir ao governo o investimento essencial à sua concretização.