Opinião – Desigualdades

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Desde sempre houve gente que se pensou fadada para ter direito a tudo, ficando o que sobrasse para os excluídos e um pouco para os que seriam os arautos de teorias sem nexo, que tudo isto justificassem. Agora, infelizmente ninguém os exautora chamando-lhes: “Bárbaros Proclamadores. Não somos todos Portugueses? Acaso o nascer, e habitar no Norte do Mondego, é nascer em terra amaldiçoada?” 1 .

E por isso agora tudo continua a ser assim justificando um interior como terra ermada.

Aconteceu para alguns “bárbaros” como algo inevitável já que para estes tudo aconteceu por azar sem culpados nem causas conhecidas. Tudo acontece para estes sem que houvesse culpados e políticas nacionais. Uns poucos apostaram em cortar salários e pensões para salvar bancos como se isso fosse o importante. Cortaram também serviços públicos, incluindo os da educação, mas esqueceram que o interior necessitava desta para continuar a ser habitado tanto por idosos com baixas reformas como por jovens, que nele trabalhassem com perspetiva de obterem salários suficientes e com direitos. Nem sequer se falou da efetiva supressão de comboios numa parte importante do interior, tornando-o assim mais excluído. Esconderam-no, dizendo que isso era irremediável e irrevogável.

Contudo, sabemos agora que “a maior parte dos financiamentos dados como perdidos teve origem no antigo BES e foram concedidos pelas sucursais do Dubai, Londres e Brasil, quando Ricardo Salgado ainda liderava o banco” (In http://expresso.sapo.pt/revista-de-imprensa/2018-03-29, acesso em 3 de abril de 2018. E ninguém pergunta quanto do dinheiro assim desperdiçado vai continuar a faltar ao Interior.

Ninguém vai perguntar – imagino – ao atual e ao pretérito Governador do Banco de Portugal quanto deste prejuízo público podia ter sido evitado se eles tivessem cumprido as suas obrigações como reguladores da Banca assim tão mal entregue.

E agora que se prepara o verão através da limpeza da floresta para impedir incêndios, pergunto quais foram as informações que não foram dadas aos que “limparam demais”. E informam-me que mais uma vez faltou quem fizesse a necessária divulgação. E quem falhou desde há muito foi o Ministério da Agricultura que nos falta e que sucessivos governos desmantelaram “muito sabiamente”.

Agora, os responsáveis por tudo isto fazem-se de “Anjos e Santos do Altar”, mostrando-se todos eles excessivamente pusilânimes como se isso os inocentasse.

Resta agora a cada um de nós olhar o mundo com olhar crítico, e só para propor e também fazer o que pode defender o nosso Interior e impedir tudo o que o pode prejudicar ainda mais.

1 O Pregoeiro Lusitano. História Circunstanciada da Regeneração Portuguesa. Desde o Porto, seu Ilustre Berço, até à última conclusão das Côrtes, com vários Discursos tendentes ao mesmo objeto. Parte I, Com Licença da Mesa da Censura, Tipografia de João Baptista Morando, Lisboa, 1820, p. 63.

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