A Revolução do 25 de Abril de 1974 libertou Portugal da ditadura, mas há sonhos por cumprir quanto aos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Continua por construir uma sociedade mais justa, capaz de ir fazendo esbater, não as desigualdades resultantes dos diferentes esforços individuais e diversas capacidades de cada um, mas as advenientes de o futuro dos portugueses depender, desde o berço, especialmente, e demasiadamente, das riquezas detidas pelas famílias.
Amanhã, 25 de Abril, apesar das muitas desigualdades económicas e sociais, e de tanta gente a passar privações, poucos questionarão porque há uma enorme dívida pública e austeridade demais, e porque será o crescimento previsto da economia nacional, para este ano, o quinto pior da União Europeia. E nem todos exigirão nas ruas a rápida e profunda reforma da saúde, mesmo que imensos sofram com as inúmeras insuficiências do Serviço Nacional de Saúde, nem pedirão melhor justiça e educação, maior garantia de direitos elementares e mais postos de trabalho…
Pelo que amanhã, mesmo com palavras de ordem revolucionárias, o 25 de Abril não será de luta, e quase ninguém debaterá porque há cada vez mais e maiores taxas, impostos indiretos que atingem cada vez mais áreas da economia. Estes impostos escondidos penalizam sobretudo os mais pobres e desprotegidos, que pagam as mesmas taxas que os mais ricos, fruto de uma das mais injustas e cegas políticas fiscais que existem. Só que o nosso povo parece andar agora num estado de quase hipnose, pela magia política dos mais hábeis e sedutores líderes que temos tido.
Amanhã há “25 de Abril”, e a festa será rija! Mas nesta madrugada haverá quem durma mal, por falta de meios para viver dignamente. E com insuficientes recursos para a segurança social, de sucessivos Orçamentos de Estado, sabe-se lá como muitos deles sobreviverão, nas alvoradas que antecederão futuros festejos de uma Revolução militar que, de imediato, se tornou popular.
Amanhã, muitos jovens, e tantos deles detentores de formações académicas superiores, sairão das casas de seus pais e avós para louvar a Revolução, sem saber quando arranjarão emprego. E quantos portugueses perseguem, não os sonhos de algum desafogo económico doutras gerações, mas o sonho bem mais simples e humilde, (mas tão difícil!), de obter um trabalho com que vivam decentemente. Mas não foi para Portugal estar assim, que se fez a Revolução dos Cravos!
Amanhã, Dia da Liberdade, o povo devia exigir que os antigos sonhos se tornem em realidades. É que, em democracia, qualquer governo, seja de esquerda, direita, centro, ou que resulte de um bloco qualquer, deve lutar contra a corrupção, combater os interesses instalados e melhorar continuamente a vida dos mais desfavorecidos, para se ter o enorme orgulho de ser português. Só haverá melhor futuro com mulheres e homens sérios e competentes, que lutem sem cessar pelos ideais do 25 de Abril de há quarenta e quatro anos, quase o mesmo lapso de tempo que durou a ditadura fascista. Amanhã e sempre, Portugal precisará do labor e união de todo o povo.
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