Opinião: Raymond Aron

Posted by
Spread the love

 

Um belo dia, há largos anos, folheava numa livraria um cartapácio de Raymond Aron – “Paz e Guerra entre as nações”, quando, sorrateiramente, um professor se abeirou de mim e, com ar severo, atirou-me esta: “pois é, vocês são do PS mas só leem esses fulanos de direita…”.

A coisa ter-me-á batido para ainda me lembrar da tirada. Hoje, porém, levo-a mais a débito de um certo fechamento ideológico do dito cujo professor do que outra coisa e tornei-me, entretanto, um admirador daquilo que fui conhecendo do pensamento do tal autor.

Raymond Aron nasceu há 113 anos, cumpridos ontem. Académico francês reputado, denunciou com o mesmo fervor o nazismo e o estalinismo, mesmo numa época em que, em especial em França, uma certa simpatia com o que se passava na União Soviética era coisa muito vista. Também algo contra a corrente, foi a sua oposição feroz ao movimento do Maio de 68 e a desordem que ele espalhou pelas escolas.

De todo o modo, importa salientar, creio eu, que Raymond Aron foi um intelectual destemido. Sempre do lado do indivíduo contra a nação, o partido, a classe, o que fosse. Um liberal à antiga, dir-se-ia.

Certamente não por acaso, um dos mais estimulantes novelistas e escritores contemporâneos, Mário Vargas Llosa, no seu recente ensaio “La llamada de la tribu” escolhe-o (a par com Adam Smith, Karl Popper, Jean-François Revel, Friedrich Hayek, Isaiah Berlin e Ortega Y Gasset) como uma das sete referências do pensamento liberal que o guiaram no seu percurso intelectual.

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

*

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.