Li, aos 17 anos, a tradução portuguesa de Animal Farm, “O triunfo dos porcos”, sátira de George Orwell à revolução comunista de 1917 que conduziu à ditadura de José Estaline.
Lembrei-me desta notável Obra de 1945, considerada pela Time como uma das cem melhores de sempre escrita em língua inglesa, quando, esta semana, ouvi de um amigo que, numa certa quinta, em dado momento um determinado porco começou a tentar, junto de todos os outros animais, alertá-los para as arbitrariedades e para o trabalho árduo e não devidamente recompensado a que eram sujeitos, bem como convencê-los da necessidade imperiosa e urgente de uma revolta que os conduzisse à libertação, sem que, no entanto, esclarecesse as suas verdadeiras intenções de futura usurpação e aproveitamento próprio, e para alguns dos seus amigos, do poder.
Em conversa com o burro, e ao tentar mostrar-se muito pesaroso com os terríveis suplícios a que este era sujeito, ouviu do jumento a seguinte pergunta: “Ouve lá, ó porco, estou a olhar para ti, e… tu não és o mesmo do ano passado, pois não?!”…
Sem conseguir emitir qualquer som, mas percebendo o alcance do aviso, ainda ouviu o comentário que, em surdina, uns carneiros que por ali pastavam, no monte já muito rapado, proferiram: “ai se a andorinha tivesse ouvido isto… ia logo contar ao leão e…”. Irra, há tanta violência entre os animais…