Deu-se, recentemente, a edição da tradução portuguesa de “Pátria”, o mais recente romance do escritor basco, Fernando Aramburu (San Sebastian, 1959). Aramburu, um militante de sempre contra os pistoleiros que se diziam nacionalistas e que respondem pelo nome completo de “Euskadi Ta Askatasuna”, traz-nos a história da família de um empresário, assassinado pelo grupo terrorista, a partir do momento em que é anunciado o abandono das armas e se dá o “reencontro” entre os criminosos e os familiares das vítimas.
O País Basco estará cheio de histórias destas. Talvez não tenhamos, aqui, a noção precisa da tragédia que assolou aquela parte de Espanha. O País Basco francês não sofreu da mesma forma, até porque, durante muito tempo, serviu de “santuário” ao grupo. Desde a história de “Yoyes”, militante etarra, morta pelo próprio grupo, em 1986, à frente do filho, até ao atentado contra Miguel Angel Blanco, a ETA espalhou uma marca de sangue e ódio que demorará muito a limpar totalmente.
Curiosamente, cumprem-se hoje 12 anos sobre o momento em que a ETA declarou um “cessar-fogo”. Não precisamente um abandono das armas, mas uma paragem nas acções armadas. Tratava-se então, no dizer dos seus dirigentes, de viabilizar o “processo político” que deveria conduzir à independência do País Basco (e Navarra, penso eu). Em Dezembro desse mesmo ano, várias bombas colocadas pelo grupo explodiram no aeroporto de Madrid, matando 2 equatorianos. Seriam esses dois cidadãos, seguramente, os responsáveis pela estagnação do “processo político”.