Opinião: Desejos de quem está vivem

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Em coisas de fé e de sabedoria costumo recordar o povo, os seus dizeres. Vamos repetir alguns: Haja pão no forno e telhas que nos abriguem. Uma padeira qualquer, no domingo de Páscoa deste ano, para mim, simboliza o desejo de paz, individual e colectiva, e de pão para todos. Recordamos cantares onde se acrescentava habitação, e todos não os contestávamos, mesmo aqueles avessos a coisas com cheiro a revolucionárias. E vamos continuar, neste percurso, enquanto a vida nos permitir.

Nem sempre é possível andarmos pela estrada certa. Nem sempre vamos com a bússola afinada, a vontade enrijecida, mas o tempo, essa escola maior do que todas as universidades, ao oferecer-nos rugas, traumatismos, dores nas articulações, faltas de ar e coisas ainda mais perto do jardim onde repousaremos todos, vai ensinando-nos.

Tenho perdido muitos amigos, tenho esquecido muitos rios e mares, a temperatura das suas águas, os sóis que os iluminam, mas sempre gostei de subir montanhas, apesar de ter vertigens, de andar em planícies, malgrado os músculos das pernas não me terem sido nunca favoráveis a grandes caminhadas.

Gostaria, talvez antecipadamente, desejar silêncios ricos em sabedoria, a todos. Que os sangues, mais ou menos vermelhos, agora que escasseiam os azuis, se acalmem e neles circule a vontade de não explorar ninguém, de falar com quem tem ouvidos, de beijar o nascer de um novo dia.

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