O desenvolvimento regional e local depende, muitas vezes, de pequenas variáveis e de algumas percepções. A política, a partir de dados, deve saber comunicar determinadas mensagens para serem percebidas pelos cidadãos da sua área de atuação. São os denominados sinais. Há normalmente dois perfis políticos. Os que atuam de forma monótona sem aclarar mensagens estratégicas e os que, tendo em linha de conta que o rumo estratégico é essencial para o desenvolvimento, emitem os sinais necessários para a prossecução de determinados objetivos. Além disso, existem os meios de comunicação e aí, comummente, o meio político falha porque normalmente fala sempre para os mesmos.
Os mesmos nas conferências, nas plateias de salas partidárias, nas inaugurações ou nos momentos mais simbólicos. Não é que não seja importante, mas fica muito aquém do suficiente e necessário. Hoje, esses meios de comunicação multiplicaram-se e a comunicação digital ganhou uma preponderância enorme que ou não se aproveita ou , no caso de alguns, é utilizada sem critério e para dizer as banalidades do dia. Estou aqui, falei com fulano, participei nisto ou aconteceu aquilo. A maioria destas comunicações não possui o mínimo interesse para a sociedade que deveriam mobilizar com mensagens mais estruturais. Acredito que o poder da palavra e da mensagem também serve para mobilizar pessoas, investidores e dinamizar desenvolvimento. Constato que quanto mais regional ou local for o tema, mais efeito tem, uma vez que o fator de proximidade é uma alavanca de consistência e de credibilidade. Normalmente. Penso que, muita vezes, precisamos que nos estimulem o raciocínio e nos contrariem determinadas ideias pré-concebidas. Gostamos de hábitos e temos uma tendência para o preconceito. Um bom agente de desenvolvimento contrariá-los permanentemente, estimulando e deixando claras as suas prioridades estratégicas. Isso é a obra intangível que não tem direito a placas de inauguração, nem a máquinas na rua. É, poderíamos classificar, a política inteligente para cidades ou territórios ambiciosos.
Uma nota final e solta sobre uma percepção de um território que já dirigi e, mais importante, onde cresci. Penela fica no sul do distrito de Coimbra, meio encravada na ponta da Serra da Lousã. Tem um ambiente propício para fixar talentos profissionais, depois de várias opções políticas realizadas com algum sucesso, mas tem dificuldade em ultrapassar esse obstáculo de ser “longe”. Penela fica a 15 minutos de Coimbra se utilizarmos a A13, assim como também ficam “mais perto” Ansião ou Alvaiázere. O problema é que as portagens dessa Autoestrada são muito caras, tão caras que o seu custo proporcional é superior a Autoestrada A1. É esta diferenciação negativa que o desenvolvimento regional e local devem combater. Desenvolver esses territórios e a região, muitas vezes, não passa por grandes obras, mas por pequenos sinais que fariam toda a diferença, se houver, no seguimento, mensagem estratégica que destrua os preconceitos da vida. Esta é a reflexão. A palavra, bem usada, é o poder que pode alterar a vida das pessoas. E melhorar a vida das pessoas, criando ambientes para gerar mais oportunidades, é Política.