Opinião – E o futuro?

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Hélder Bruno Martins

Parece que iniciámos 2018 com os melhores indicadores de sempre. De acordo com os dados revelados, Portugal está num dos melhores momentos de sempre: maior crescimento económico dos últimos 100 anos, menor déficit desde 1974, menor taxa de desemprego da década, capital de imagem internacional muito positivo. Se assim é, está novamente na altura de saber o que pretendem as nossas instituições governamentais para o país. Qual a visão, qual a estratégia, quais as reformas e os projetos estruturantes para o nosso futuro coletivo e daqui para o mundo?

A Educação – é unânime – constitui o principal setor de promoção de prosperidade. A situação atual é conhecida e os vários agentes coincidem no seu diagnóstico: tempo excessivo dentro das escolas e consequente ausência de tempo com a família, peso excessivo nas mochilas, manuais escolares e o impacte ambiental negativo (excessiva despesa para o Estado e as famílias), a discrepância entre o sistema educativo e a vida real (o estudo de 2014, da consultora Mckinsey – Education to Employment Getting Europe’s Youth Into Work – concluiu que em Portugal as instituições de ensino, os empregadores e os alunos estão em segmentos distintos e sem relação entre si), a preparação dos cidadãos para o futuro que se afasta cada vez mais dos vetores de potencial socio-económico mundial a curto prazo (e a este respeito as tecnologias digitais, a programação, a automação e a robótica estarão na base da economia). Diz Andreas Schleicher, Diretor do Departamento de Educação e Competências da OCDE, que no PISA “os alunos portugueses tendem a ter boas prestações em tarefas que exigem uma reprodução dos conteúdos ensinados na escola. Mas não são tão bons ao nível da aplicação criativa dos conteúdos. Nesse sentido, as escolas portuguesas ainda não fizeram a transição do século XX para o século XXI.” Ainda assim, os melhores resultados obtidos por Portugal no PISA verificaram-se entre 2006 e 2009, particularmente no domínio da utilização das TIC no qual os estudantes portugueses classificaram-se em 1.º lugar em três indicadores: na atitude face aos computadores; na confiança na realização de tarefas de alta complexidade com as TIC; e na capacidade para produzir uma apresentação multimédia.

Quer a alteração do paradigma educativo quer a estratégia de futuro para o país terá que passar obrigatoriamente pelas tecnologias digitais. Na Educação, é urgente a instalação generalizada de infraestruturas de rede de alta performance, de quadros interativos e computadores nas salas de aula, na utilização massiva de dispositivos nos professores e alunos. Possuímos recursos humanos motivados e abertos à inovação, criativos e eficazes na utilização de novos meios e métodos – há vários exemplos no país que o comprovam, nomeadamente na Lousã, onde surgiu João Carlos Ramalheiro venceu o prémio mundial de inovação da Microsoft, em 2012, e criou a Classplash – uma empresa com sede na Lousã, que possui parcerias com a Microsoft, a Porto Editora, a Hohner, investidor alemão e um pólo na Alemanha. Se compararmos com outros países – e mesmo que se comecemos hoje! – já estamos muito atrasados.

Estou a ouvir as vozes dos meus filhos e dos amigos a brincar e a pensar que receio não estarmos à altura de os tornar dignos portugueses no mundo.

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