“A supressão da religião como felicidade ilusória do povo é uma exigência da sua felicidade. A exigência de abandonar as ilusões sobre sua condição é a exigência de renunciar uma condição que tem necessidade de ilusões”
Karl Marx (Crítica da Filosofia Hegeliana do Direito)
Como tem sido bastantes vezes enfatizado por numerosos autores, a religião, seja ela qual for, constitui um poderoso “cimento social”, na medida em que condiciona e, de algum modo legitima, as “visões do mundo” partilhadas pelos crentes. Como enfatizou Sartre, Deus criou o homem, mas dotou-o de livre arbítrio e, devido a isso, o homem é responsável pelos seus actos, ficando o papel de Deus resumido à criação.
Os dados do Inquérito Social Europeu1 mostram que cerca de 81% dos portugueses dizem-se católicos. Numa escala que varia entre 0=nada religioso e 10=muito religioso, o grau de religiosidade médio na Europa não atinge o centro da escala, quedando-se pelos 4,7. Portugal é um dos 12 países europeus que regista um valor superior ao centro da escala ( 5,6 ).
É no Norte e no Centro que se registam os valores mais elevados do sentimento de pertença à religião católica (mais de 90%) e do o grau de religiosidade. É também nestas regiões que as práticas religiosas são mais expressivas, tanto no que se refere à frequência de serviços religiosos – cerca de 30% fá-lo pelo menos uma vez por semana – como na oração, onde mais de 50% diz que reza todos os dias.
Cerca de ¼ dos inquiridos de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve, dizem que nunca rezam e cerca de 1/3 dizem que não frequentam serviços religiosos.
A análise por sexo e idade mostra que em todos os escalões etários as mulheres frequentam a missa e rezam diariamente mais do que os homens e que a frequência aumenta com a idade.
Nota: este é o primeiro texto de um conjunto de “retratos” dos portugueses que publicarei aqui com a regularidade possível, com base nos dados provenientes do Inquérito Social Europeu e do Eurobarómetro.
1 www.europeansocialsurvey.org, base acumulada 2002-2014