Opinião: Coimbra, em tempo de Natal

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Gil Patrão

Venha daí comigo, dar uma volta por meandros escusos de Coimbra. Poderemos ir em qualquer direção que alguma tristeza e angústia que nos irão afligir, não abrandarão por isso. Comecemos então por uma das zonas mais nobres da cidade, aquela que rodeia o Estádio Municipal da Cidade de Coimbra, obra emblemática da miopia política que atinge vezes demais tantos dos nossos políticos, mais preocupados em destruir as ideias e obras dos outros, do que em as aproveitar. Pois hoje, o passeio que iremos dar, apela ao espírito de solidariedade de todos eles!

Há alguns anos, como se lembrará, em frente ao “velho” estádio, esteve montada durante meses uma grua que alertava para o “gigantismo” da infraestrutura que o Governo queria erigir com o apoio da Autarquia. Mas, obra feita, a mesma não desmerece do que de melhor por cá existe! Só que, quando passarmos na Praça 25 de Abril, iremos ver, debaixo da estrutura rodoviária de acesso ao Bairro Norton de Matos, enxergas miseráveis em que dormita gente sem-abrigo, e o mesmo veremos junto à Ponte Rainha Santa Isabel, e noutros locais, como nos laranjais do Mondego, ou em parques da “ex – Autovia”, um deles perto do Choupal, e o outro logo a seguir.

Para além destes exemplos, há muitos outros locais, alguns deles pertencentes à Autarquia, em que desde há muito tempo dormem ao relento muitos dos que um dia perderam o seu porto de abrigo! Nem é preciso alertar a Câmara, que tudo isto conhece bem, por a observação do que existe em locais tão expostos não passar despercebida até a quem sofrer de miopia, e mesmo de presbitia, pois por vezes se observa melhor ao longe…, o que nunca se enxerga tão bem ao perto.

Ora, uma proposta da coligação que não conseguiu destronar quem ganhou as últimas eleições, pretendia tornar Coimbra numa terra onde não houvesse gente sem-abrigo. Esta proposta de ação é importante demais, pelo formidável alcance social que comporta, para não ser executada, mesmo que tenha sido uma bandeira de quem renunciou ao mandato de vereador, sem pelouro atribuído, que o presidente eleito lhe reservaria, ao optar governar com o apoio dos comunistas.

Como, pelas políticas sociais do seu partido, um vereador não negará o direito à dignidade dos sem-abrigo, havendo três que por terem nos genes políticos ideais social-democratas, apoiarão o que for necessário para acabar rapidamente com uma das chagas sociais que mais envergonham Coimbra, e há dois do movimento cívico cujo líder segue lemas do “Lions International” (como o de “amparar o humilde”), se os cinco socialistas que governam Coimbra o desejarem, poderá vir a haver uma medida política aprovada pelos onze vereadores, o que será um facto raríssimo!

Numa época propícia a esquecer quezílias, e a haver mais solidariedade, queremos acreditar que quem gere Coimbra terá por preocupação maior, ajudar quem mais precisa. E que, por haver na Câmara quem saiba muito bem o que fazer para, sem pompa nem circunstância, pôr mãos à obra e tornar Coimbra numa terra exemplar quanto a dar maior dignidade a quem mal sobrevive nas ruas, apetece sonhar, e ver a autarquia a arcar com tão necessária missão. Sei bem que, a poucos dias da Consoada, o desafiei para um passeio inquietante pela cidade. Votos de um Feliz Natal!

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