Opinião – Para onde caminhamos?

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Ricardo Castanheira

A forma superficial como se tratam temas sérios, a leviandade com que se destroem reputações e o facilitismo na veiculação da mentira são alguns dos traços mais perigosos das redes sociais.

Já vi isto tudo acontecer de forma organizada, espontânea ou simplesmente instintiva.

É, pois, necessário falarmos, e melhor ainda refletirmos, sobre como as nossas concretas vidas individuais e coletivas estão cada vez mais influenciadas por uma dimensão virtual.

Sabemos, hoje, que existem robôs programados que “postam” em catadupa como de seres humanos se tratassem; de eleições em países poderosos cujo resultado final foi influenciado e subvertido por movimentos em redes sociais; de uma cibercriminalidade cuja verdadeira dimensão os governos estão muito longe de conhecer.

Mas também sabemos como as redes sociais hiperbolizam os defeitos humanos e os disseminam.

Aquando da recente e calamitosa vaga de incêndios, em Portugal, confesso, fiquei vários dias apenas a observar estupefato como tanta gente – e aqui inclui-se todo o tipo de idades, qualificações, profissões e estratos sociais – opinava sobre o que não sabia, reproduzia o que não confirmava e com uma frieza assustadora assassinava carácteres. A dado momento a coisa parecia um rolo compressor sem limite algum! Medonho!
Perante isto, há ponderações que devemos fazer, umas de natureza pessoal, outras porventura de cariz mais geral. Para quem como eu vive há vários anos fora de Portugal, as redes sociais têm o inestimável valor de reduzir a distância física e a saudade da família, dos amigos e das coisas da terra.

Por isso mesmo uma vantagem intrínseca insubstituível.

Mas, confesso, em regra, há muito que deixaram de ser fonte de informação credível e de conhecimento.

Para isso existem outras ferramentas, virtuais ou não.
Coincidência ou talvez não, muita gente que prezo e respeito tem-se afastado crescentemente do uso frequente das redes sociais.

Saindo de vez ou passando a ser utilizador de ocasião (umas fotos e pouco mais). E, isso, deixa-me ainda mais preocupado.

Imagine-se todo este espaço poderoso preenchido apenas com quem vive a vida de forma acrítica, superficial e até perversa!..

Um exército temível! E há quem saiba muito bem como trabalhar isso.

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