Cumpriram-se 150 anos sobre a publicação do 1º livro de “O Capital – Crítica da Economia Política”, a magnum opus de Karl Marx.
O texto, de leitura muito difícil, continua hoje a suscitar certo debate público – que esta efeméride reavivou – mesmo se alguns espíritos, mais dados à simplificação da realidade, tivessem considerado que a queda do “império soviético” liquidou a fecundidade do pensamento de Karl Marx.
Assinalo, sucintamente, duas das ideias-força de “O Capital” que continuam, a meu ver, a merecer reflexão.
Um primeiro aspecto é aquele que dá a “O Capital” uma dimensão de grito de denúncia. Denúncia das condições de trabalho existentes na indústria dos meados do séc. XIX, onde a existência de um numeroso “exército industrial de reserva”, colocava os proletários à mercê dos empresários. Afinal, o retomar de um tema que, no plano literário, um autor como Charles Dickens tinha vindo já a desenvolver. Nos nossos dias, talvez encontremos realidades similares nos lugares onde se fabrica muita da roupa, do calçado e dos modernos gadgets que quotidianamente usamos.
Menos conseguido, parece-me, é o determinismo de Marx em apontar o caminho que as sociedades avançadas do ocidente iriam conhecer: capitalismo – socialismo – comunismo. Independentemente das crises cíclicas e das pretensas “contradições”, o capitalismo tem sabido sobreviver, adaptar-se, acolher algumas das reivindicações dos mais desfavorecidos e proporcionar níveis de bem-estar material com que nem Marx sonharia.
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