Opinião: E Bruxelas aqui tão perto…

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                            Ricardo Castanheira

Inteligência artificial, carros autónomos, robotização do trabalho, Big Data e Machine Learning são apenas alguns exemplos que preencheram a ampla agenda da Web Summit e, por conta dela, felizmente, passaram a constar da agenda pública nacional. Pelo menos por uns dias…
Estes e outros temas igualmente relevantes fazem parte da agenda europeia e estão, alguns há muito, a ser tratados do ponto de vista legislativo nas instituições europeias, sem que isso tenha merecido, pelo menos até agora, grande atenção por parte da opinião pública portuguesa. É pena e é perigoso.
Talvez muitos não saibam, e outros tantos sabendo não prestam a devida atenção, mas está atualmente a decorrer no seio da União Europeia um debate profundo sobre as regras da privacidade nas comunicações eletrónicas, que vai impactar na forma como hoje se navega na internet, como as empresas acedem aos dados pessoais e os utilizam para os mais diversos fins, como os dados produzidos pelas máquinas ou simplesmente pelos telemóveis podem ser analiticamente aproveitados.
Em suma, para além do saudável otimismo empresarial e da energia empreendedora que transbordou na Web Summit existem limites jurídicos e éticos que não podem ser desprezados e que devem fazer parte da equação. Esse debate também tem lugar e acontece na UE. Seria bom que continuasse na agenda nacional.
Do mesmo modo, há uma pauta europeia em torno da “Economia de Dados” que deveria merecer mais atenção dos portugueses que os repastos no Panteão Nacional. É neste domínio que o Mundo está a mudar. “Os dados são o novo petróleo” e, de acordo com estudos apresentados pela Comissão Europeia, a Economia de Dados representará €739 mil milhões até 2020 (equivalente a 4% do PIB da UE), desde que o enquadramento adequado seja assegurado. Só em 2014, os fluxos transfronteiriços de dados geraram US$ 2,8 triliões, um valor económico que já excede o valor do comércio mundial de bens. É uma nova ordem económica assente no digital e na tecnologia, impactando grandes empresas e PMEs.

Era bom que a opinião pública e publicada portuguesa se dessem conta de tudo isto e que soubessem que “Bruxelas” é muito mais que os limites ao défice, Ecofin e fundos estruturais.

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