João Brandão “ressurge” para abrilhantar feira em Meruge

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O lendário salteador João Brandão vai ressurgir no domingo nas ruas de Meruge, concelho de Oliveira do Oliveira, através de teatralizações no âmbito da 15.ª Feira do Porco e do Enchido.

“O famoso João Brandão, capitão do Batalhão de Caçadores de São João de Areias, determinado a ajustes de contas vários e, sobretudo, em limpar o seu nome do vasto rol de crimes que injustamente lhe imputaram e da fama de bandoleiro impiedoso”, será recriado ao longo do dia pelo Grupo de Teatro e Animação Viv’arte, segundo uma nota da Junta de Freguesia de Meruge.

Com um programa diversificado, entre as 09H30 e as 23H00, a Feira do Porco e do Enchido, que atrai habitualmente milhares de pessoas a Meruge, é a primeira iniciativa desta envergadura no concelho de Oliveira do Hospital, depois dos incêndios de 15 e 16 de outubro.

“Não vamos virar as costas aos problemas, parar é morrer”, disse à agência Lusa o presidente da Junta de Freguesia, Aníbal Correia, eleito pela CDU, num município cujo executivo é presidido pelo independente José Carlos Alexandrino, reconduzido nas autárquicas de 01 de outubro, nas listas do PS, para um terceiro mandato.

Após a tragédia dos fogos, que causaram 12 mortos e vários feridos neste concelho do distrito de Coimbra, além de elevados prejuízos na economia, habitações e infraestruturas públicas, “a população da freguesia de Meruge e as suas instituições” decidiram manter a realização da feira “como prova de capacidade para superar a adversidade e afirmação da esperança num renascer promissor da natureza e do devir coletivo”, esclarece a Junta em comunicado.

“Agora, há que arregaçar as mangas”, reiterou à Lusa Aníbal Almeida, “apesar de estarem bem frescos na memória de todos os momentos de angústia e desespero vividos” há três semanas.

Perante uma “paisagem uniformemente pintada a negro”, a organização, liderada pela Junta de Freguesia, envolvendo instituições e empresas locais, com apoio da Câmara de Oliveira do Hospital e de outras entidades públicas, anulou o habitual Passeio Pedestre.

Em alternativa, “faz-se um apelo a todos os visitantes e amigos da natureza: tragam uma planta, uma bolota, um pinhão, uma castanha e todas as sementes que possam ajudar a reflorestar muitas das áreas ardidas”, como o Parque de São Bartolomeu, adianta a nota.

Com a Feira do Porco e do Enchido, os promotores pretendem “evidenciar o papel dos porqueiros no desenvolvimento económico da freguesia de Meruge e enaltecer a excelência dos enchidos amanhados por mãos artífices”.

A iniciativa “afirmou-se nestes 15 anos de sucessos como o mais vernáculo e atrativo cartaz lúdico e gastronómico da Beira Serra”, que inclui concelhos como Oliveira do Hospital, Tábua, Arganil e Góis, entre outros.

A feira é assumida como “espaço único de gastronomia ancestral, de animação de rua multifacetada e permanente, de valorização dos produtos e do mundo rural, de aposta na música e na cultura populares”.

Além da memória e das tropelias atribuídas a João Brandão, no contexto das lutas liberais do século XIX, a companhia Viv’arte”, de Oliveira do Bairro, leva às ruas de Meruge “trupes de azarados saltimbancos, mendigos loucos, alcoviteiras metediças, pistoleiros façanhudos e o mais que se verá”.

Imortalizado como “terror das Beiras”, o salteador João Brandão (1825-1880), nascido no vizinho concelho de Tábua, a cuja Biblioteca Municipal dá nome, foi acusado de vários crimes na região, nem sempre provados, tendo morrido no Bié, em Angola.

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