Portugal gasta mais de 200 milhões em psicofármacos

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Os portugueses compraram cerca de 20 milhões de embalagens de psicofármacos no ano passado, o que corresponde a um gasto de 216 milhões de euros, segundo dados hoje divulgados à Lusa pela Ordem dos Psicólogos.

De acordo com a Ordem, que cita dados oficiais, o encargo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) na comparticipação de psicofármacos em 2016 foi de 122 milhões de euros, o que representa 56% do valor gasto nestes medicamentos para a área da saúde mental.

O bastonário da Ordem dos Psicólogos lamenta a falta de estratégia e de intervenção preventiva que evite o aumento de consumo de psicofármacos, considerando que algumas vezes são apenas uma solução mais rápida, mas que só promove a redução de sintomas.

Para Francisco Miranda Rodrigues, faltam estratégias de combate a problemas mentais que possam ser prevenidos ou rastreados de forma precoce, o que pode ser feito nomeadamente nos cuidados de saúde primários.

“Continua a não existir uma estratégia na área da saúde mental”, refere o bastonário à agência Lusa, lembrando que se passaram já dez anos da criação do Plano Nacional de Saúde Mental, sem que haja uma “verdadeira estratégia integrada para a promoção da saúde mental e para a prevenção das perturbações mentais”.

O representante dos psicólogos portugueses afirma que “não é possível inverter a situação atual” na saúde mental sem que haja investimento, nomeadamente de recursos humanos.

A Ordem dos Psicólogos recorda que no Serviço Nacional de Saúde (SNS) existe apenas um psicólogo para cada 16.500 portugueses e que se continua a aguardar que a tutela avance com a contratação de 55 psicólogos que tinham sido assumidos pelo Governo.

“Trata-se efetivamente de investimento. Porque na área da saúde mental, ao investirmos, estaremos a prevenir tanto o sofrimento das pessoas como a prevenir outros custos, como com psicofármacos”, referiu o bastonário à Lusa.

Francisco Miranda Rodrigues reconhece que muitos dos psicofármacos prescritos e consumidos serão sempre necessários para casos de perturbações mais graves, mas considera que algumas perturbações de ansiedade ou depressivas podiam ser prevenidas ou encaminhadas de outras formas.

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