Opinião – Sobre a performance das PME da Música em 2016

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Hélder Bruno Martins

Foi publicado o relatório WINTEL sobre o setor da música independente e a sua performance durante o ano de 2016. Enquanto a indústria continua o seu processo de reinvenção, através do que as tecnologias digitais de comunicação têm proporcionado, existem indicadores muito positivos para o setor da música independente ao nível mundial. As tecnologias de comunicação digital proporcionaram a emergência de novos modelos de negócio, de novos serviços e produtos. Hoje, já não é obrigatório estar numa grande editora (numa major) para colocar no mercado mundial os álbuns ou outros conteúdos áudio/musicais. O publishing recebeu também uma nova abordagem. A procura de novos conteúdos, outrora mais facilmente negociáveis através das grandes editoras, está agora muito mais acessível às empresas produtoras de publicidade, televisão ou cinema e aos music supervisors.

O setor independente da indústria da música é constituído pelas PME desta indústria e 2016 foi mais um ano de crescimento para a música independente. Assim revelou o relatório WINTEL, divulgado no passado dia 23 de outubro, que se baseou na propriedade dos direitos sobre as obras. De salientar que empresas lideres no mercado digital, como a Apple, a Google ou a Spotify, seguem como referência as quotas de mercado para determinar o valor da remuneração a pagar aos detentores dos direitos sobre as obras.

Segundo o relatório a quota de mercado das editoras independentes representou um crescimento de 6,9% relativamente ao ano transacto, situando-se agora nos 38,4%. Outro indicador importante é o do mercado digital. Aqui, o streaming surge como o principal fator da retoma no mercado global da música gravada. Pelo segundo ano consecutivo, o consumo de música gravada apresenta um crescimento de 5,9% em 2016. De acordo com o relatório, o streaming, monitorizado isoladamente, “representa 59% de todas as receitas do mercado digital”. No que toca às editoras independentes, as receitas provenientes do streaming alcançaram 2.1 bilhões de dólares, o que coloca este setor com uma quota de 40% no mercado digital de streaming.

O relatório volta a evidenciar a importância deste setor para o desenvolvimento transversal das comunidades: é uma indústria abrangente e solidária com os vários setores económicos, promove a cultura, a criatividade e o emprego (direto e indireto), promove a atratividade dos territórios, a auto-estima, o entretenimento, o turismo e o lazer. É também uma excelente oportunidade para os investidores que queiram apostar nesta indústria.

A indústria da música é complexa e, por isso, exige um conhecimento aprofundado acerca das suas especificidades. Está muito para lá da venda dos CD ou da produção de concertos. Contudo, é aliciante e apaixonante. Ou não estivéssemos a falar de música.

 

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