Opinião: Homem do Estado ou Estadista?

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Teotónio Cavaco

 

 

“O único meio para evitar o dano da dependência do exterior pelas importações é impedir que o dinheiro saia do reino, introduzindo nele artes ou manufaturas, de que resultarão benéficas consequências: a introdução das artes evitará o dano que fazem ao reino o luxo e as modas; tirar-se-á a ociosidade; far-se-á o reino mais povoado de gentes e frutos; resultando, como corolário, o aumento das rendas”.

Este “Discurso sobre a introdução das artes no reino”, de Duarte Ribeiro de Macedo (1618-1680), embaixador, jurisconsulto, diplomata e economista, um dos pensadores políticos portugueses mais marcantes do século XVII, adepto do mercantilismo, obviamente contextualizado no tempo e no espaço, deve merecer, na sua essência, a nossa atenção, nos tempos que se avizinham.

A grande diferença entre um homem do Estado e um Estadista é que este, desde Aristóteles, quer produzir um certo caráter moral nos seus concidadãos, uma disposição para a virtude e para as ações virtuosas, ou, segundo Maquiavel, é um autêntico artista, porque a condução do Estado é considerada uma arte, já que se preocupa com a próxima geração, enquanto o político (o homem do Estado) com a próxima eleição.

O ideário de Ribeiro de Macedo foi abandonado pelos homens do Estado com as primeiras remessas de ouro do Brasil e depois com a vingança sobre Pombal. No passado domingo a maior parte dos figueirenses que foi votar reforçou a sua confiança na opção da continuidade – escolheram um homem do Estado ou um Estadista?

 

 

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