1. Os resultados eleitorais no concelho de Coimbra não trouxeram surpresas, face ao modo como as diferentes forças políticas se apresentaram a sufrágio. Resta, pois, olhar para o que poderá ser o futuro da governação municipal. O PS viu frustrado o seu objetivo de maioria absoluta, em que apostou tudo, mantendo os seus 5 vereadores. Isso significa que, no essencial, teremos a continuação das políticas e da prática dos últimos 4 anos. Acontece que, apesar dos vastos poderes presidenciais, o PS precisará de um aliado para a aprovação de algumas propostas. Pelo que, previsivelmente, oferecerá ao PCP/CDU a manutenção do lugar de vereador com pelouro. Aguarda-se, porém, com alguma expetativa, o comportamento desta força politica, na sequência da sua significativa quebra eleitoral no concelho. Na verdade, para além de causas nacionais, o resultado da CDU, em Coimbra, não pode deixar de estar associado a um castigo dos eleitores ao seu desempenho na Câmara e na Assembleia Municipal. No entanto, afeiçoada a ter um vereador com pelouro – independentemente do partido maioritário ser o PSD ou o PS- dificilmente se vê a CDU a colocar em causa essa possibilidade para passar a desempenhar uma oposição sem compromisso à maioria PS.
A expetativa existe, igualmente, em torno do que será a prática política do movimento Somos Coimbra e, em particular, dos seus vereadores. Tendo o movimento gerado grande esperança numa significativa faixa do eleitorado que se não revê na prática dos partidos que têm governado a edilidade, resta agora esperar para ver em que medida a sua prática será diferente e coerente com a esperança gerada. Tendo este movimento anunciado já que não se coligará com o PS, resta saber em que se traduzirá a declaração de que não será uma força de bloqueio. A experiência tem mostrado que da grande esperança à sua total frustração vai um passo muito pequeno. Os próximos tempos serão, pois, decisivos para essa avaliação.
2. Soube-se, recentemente, que a Comissão Nacional de Proteção de Dados declarou que o sistema de videovigilância existente na Baixa de Coimbra da responsabilidade da PSP funcionou entre 2013 e 2016 sem que para tal estivesse autorizado. Esta constatação é gravíssima e tem de ter consequências que não podem ficar apenas pelo anunciado processo de contraordenação. Efetivamente, o que aqui está em causa é um relevante atentado aos direitos fundamentais da liberdade, privacidade e imagem. Aquando da instalação do sistema em Coimbra, há uns anos atrás, tive a oportunidade de me pronunciar contra, alertando para os perigos que tal podia constituir para os direitos fundamentais, sem os benefícios correspondentes. Efetivamente, num local com as caraterísticas patrimoniais, de organização do espaço público e humanas da Baixa de Coimbra, por exemplo, será sempre muito mais eficaz um policiamento de proximidade. Policiamento que, pura e simplesmente deixou de existir, remetendo-se os polícias para trás de ecrãs! Mas nessa altura estava longe de imaginar que o desrespeito pelos direitos fundamentais dos cidadãos pudesse chegar ao ponto de ter um sistema a funcionar ilegalmente. Importa, pois, exigir que o Ministério da Administração Interna e o Comandante Geral da PSP deem as devidas explicações públicas e punam os prevaricadores de forma exemplar!
3. Quero aqui associar-me a todos os que, um pouco por toda a Europa e pelo mundo, têm manifestado a sua solidariedade com a luta do Povo Catalão pela sua liberdade e pelo inalienável direito a ter um País independente. A forma brutal como o Governo, usando as forças repressivas, tem agido na Catalunha não pode deixar de merecer o mais vivo repúdio. Por isso, é com muita expetativa e preocupação que aguardo o desenrolar dos acontecimentos dos próximos dias, face ao previsto anúncio da independência pelos líderes Catalães e subsequente resposta do Governo Espanhol.
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