1. Turismo em Zamora, forte motor de desenvolvimento regional
Saímos cedo de Salamanca. Atravessámos o “campo charro”, até Zamora. À entrada o Rio Douro, do outro lado a cidade, amuralhada, com os seus 63.000 habitantes. Dezenas de igrejas e monumentos do Sec XII bem preservados, fazem dela a capital do românico na Europa. Museus e centros de interpretação multimédia pela cidade completam o cartaz turístico que orgulha os locais e atrai os turistas. Um poderoso motor de desenvolvimento da cidade e da Região.
2. Acabaram-se os “graffities” na cidade!
Percorremos as ruas limpas e airosas de Zamora. Para surpresa nossa, muros e paredes com pinturas artísticas de grande qualidade, verdadeiras obras de arte, que transmitiam uma rara beleza ao ambiente. A guia explicou-nos; -Há uma regra sagrada entre os “graffiteiros” daqui! Onde jà existam pinturas não se pintam “graffities” por cima!E concluiu; – Ao anteciparmo-nos, acabámos com os “graffities”. Embelezámos e acrescentámos valor a ruas e espaços, demos trabalho e visibilidade aos artistas da Região. A cidade ganhou muito!
3. Uma forma, fantasiosa e ingénua, de aumentar a auto-estima
Mais à frente, um imponente Monumento a Viriato no centro da Plaza; “ Homenagem a Viriato, filho de Zamora”! Ficámos aturdidos! Toda a vida nos andaram a ensinar que Viriato era herói lusitano, nascido nos Montes Hermínios! Directos ao Turismo “pôr o assunto em pratos limpos”! Se nasceu em Zamora gostaríamos de visitar o local! Apontaram uma localidade das redondezas, Torrefrades, mas por fim a verdade ao de cima; – Vocês são portugueses? Viriato é vosso! Nasceu là para os vossos sítios! E continuou; -Vocês sabem como são os espanhóis! Puxam “a brasa à sua sardinha” sempre que podem. Para serem os melhores, inventam os factos que lhes convêm e desconhecem o que não dá jeito! Uma forma, fantasiosa e ingénua, de aumentar a auto-estima e o atractivo turístico! Os turistas ficam “doidos por uma boa estoria”. Se é verdade ou não, pouco lhes interessa! Ao longo da viagem iríamos ter oportunidade de confirmar, muitas vezes, este aspecto inventivo e fantasioso dos espanhóis. Que lhes faz aumentar turistas e receitas!
4. Coimbra e Zamora na Fundação de Portugal
Por fim a visita à Catedral, o local do Tratado. Desde os bancos da Escola nos falaram do Tratado de Zamora ( 1143 ). Uma histórica Conferencia de Paz entre Afonso VII de Leão e Afonso Henriques onde foi reconhecida oficialmente a Independência de Portugal. A ilustre Zamora, nessa altura no apogeu, recebeu com fidalguia e nobreza a jovem comitiva lusitana vinda de Coimbra, capital do novo Reino de Portugal, dois anos antes autoproclamado pelo povo com o apoio do Mosteiro de Santa Cruz. Faltava agora, a confirmação oficial!Nesse dia 5 de Outubro Coimbra e Zamora deram um passo decisivo na Historia de Portugal e da Península Ibérica, pondo fim a guerras e rivalidades que se acentuavam face ao espírito indómito e corajoso do povo lusitano. Hoje, num tempo de guerras e discórdias, o Tratado de Zamora vem recordar que conflitos aparentemente insanáveis podem ser resolvidos através da Paz, como Coimbra e Zamora fizeram então. Uma celebração anual estreitando os laços culturais, sociais e económicos entre as duas cidades e povos deveria ser levada a cabo. E porque não, associar Guimarães e Viseu a este acontecimento de tamanha relevância ibérica e universal?