1. Temos muito para conversar, aprender e ensinar
Depois de 6 horas de viagem entrámos por Castela em direcção a Salamanca. Um corte radical enorme! Dum lado o nosso Portugal acidentado, verdejante (embora infelizmente com uma vasta área ardida ultimamente) pontuado por casinhas brancas, pequenas igrejas e capelinhas, a fazer adivinhar um povo simples, pacato e ordeiro.
Do outro lado, a austera Castela, quente, plana , deserta, ocre, pontuada por pequenas localidades com igrejas maiores que elas, afiadas a apontar o céu, fazendo adivinhar a religiosidade, o carácter altaneiro e senhorial do povo hispânico. Um contraste geográfico e comportamental que não passa despercebido!
Apesar disso existem, naturalmente, muitos aspectos comuns que unem os dois povos irmãos. Temos muito para conversar, aprender e ensinar um ao outro. E relativamente a Coimbra esses aspectos são inúmeros e importantes! Começámos por Castela e este começo viria a revelar-se promissor.
2. Salamanca e Coimbra. Cidades universitárias gémeas
Após 120 kms avistámos ao longe a monumental e doirada Salamanca. Com uma das mais antigas Universidades do Mundo (Estudo geral 1218-Universidade 1253 ), Salamanca é sem duvida a cidade universitária gémea de Coimbra, constituindo juntas as duas mais antigas Universidades e cidades universitárias de todo o Mundo ibérico!
Muitas outras semelhanças existem. A configuração em colina com o rio aos seus pés. As populações ( 140- 150.000 habitantes). O comprimento dos rios que as banham; O Tormes ( 284 kms), o Mondego ( 252kms).
3. Diferenças notáveis a nível do ordenamento urbano
Mas há diferenças notáveis a nível do ordenamento urbano. Estamos sem dúvida perante uma cidade universitária limpa, bonita, arejada onde o antigo combina com o moderno de uma forma notável!
A magnífica Plaza Mayor divide a cidade em duas partes distintas; a Sul a parte mais antiga e monumental onde se encontram a Catedral, os Palácios, a sede da Universidade, onde o belíssimo estilo plateresco renascentista marca a paisagem.
A Norte, a parte moderna, onde edifícios de boa traça, largas avenidas perpendiculares, o pólo universitário com amplas instalações para ensino, estudo, investigação, actividades desportivas. E tudo, tal como na parte antiga, com a pedra arenisca (não existe betão) sempre presente marcando uma homogeneidade notável da cidade no seu todo.
4. Uma geminação reactivada e moderna entre as duas cidades
Ao cair da noite a Plaza Mayor, estava repleta de gente. Salamantinos com turistas de todas as partes do Mundo, bebiam, comiam, conversavam, trocavam experiências.
De repente uma tuna de estudantes tocando, cantando, acenando de forma alegre e ruidosa. A festa atingia o rubro! É assim todas as noites!
O nosso grupo, de antigos estudantes de Coimbra, no meio da Plaza lançou um imenso e vibrante eferrea por Salamanca e pela sua Universidade. Fez-se silêncio. Salamantinos e estrangeiros perguntam-nos donde somos! De Coimbra, claro, respondemos nós!
Já estiveram em Coimbra, gostaram muito! E de repente mandam para o ar, também eles, uma saudação a Coimbra e à sua Universidade. Uma enorme salva de palma atroou por toda a Plaza Mayor! Um momento lindo!
Existe, pelo menos no papel, uma geminação entre as duas cidades. Gostaríamos de ver essa geminação activada, revigorada, modernizada. Há tantos grupos culturais nas duas cidades. Era capaz de ser o mais fácil de implementar. Teríamos todos a ganhar com isso!