O domínio do fogo, há alguns milhares de anos, permitiu que os humanos afastassem os animais selvagens, aquecessem e iluminassem o interior das habitações, cozinhassem os alimentos, fabricassem instrumentos e melhor comunicassem em grupo. Vere Gordon Childe (1892-1957), filólogo e arqueólogo australiano, escreveu que “o domínio do fogo, foi, provavelmente, o primeiro passo na emancipação do Homem da servidão do ambiente”.
Nos últimos meses, num país industrializado, civilizado e moderno como é Portugal, o fogo deu-nos, basicamente, quatro lições:
- Simbolizando compreensão (pela luz e pela verdade), purificação (em complemento à da água), renascimento e renovação, o fogo também pode ser destruidor, quando lhe perdemos a possibilidade de controlo, o que manifestamente ocorreu, infelizmente com as consequências trágicas conhecidas;
- O Estado (Organismos mas também pessoas) falhou na proteção a pessoas e bens, porque parte da destruição e sobretudo as mortes podiam e deviam ter sido evitadas, o que obriga a refletir sobre nomeações, critérios, competência e mérito e avaliação;
- A velha falta de ordenamento e de limpeza da floresta (pública e privada), a falta de cuidado de algumas pessoas e a cupidez, todas juntas e aliadas ao fogo, são muito maiores do que o heroísmo dos Bombeiros;
- Urge fazer diferente, abrir “um novo ciclo em que o Governo tem de ponderar o quê, quem, como e quando melhor serve esse ciclo”, pediu Marcelo.
Será desta?!…