Opnião: Avant!

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Paulo Almeida

O Verão no Algarve terminou e vai sendo hora de regressarmos ao trabalho (emoji a chorar). Uma enorme, enorme chatice que o PCP soube desde sempre contornar com a sua festa do Avante!, uma festa que é algo que apetece antes da primeira greve, porque é óbvio que não se pode chegar ao trabalho logo assim vindo de férias com muita força camarada. É im-po-ssível!

A verdade está do lado dos comunistas sem necessidade de reescrever a história, pois toda a gente sabe que depois das festas de encerramento algarvias faz falta uma de regresso à cidade e a do Avante! podia preencher esse vazio. Aproveitando a boleia desta Geringonça on fire, a festa podia vir a ter muito mais cachet, sem necessidade de gastar 20 euros (IVA incluído) num Uber saído de Campo de Ourique até à Quinta da Atalaia.

Bastava promover o regresso ao Alto da Ajuda, por troca com uma promessa de um aeroporto fortemente sindicalizado em local que permitisse a expropriação revolucionária, mas justamente milionária, do terreno onde as festividades actualmente decorrem. É meter no Orçamento e logo se vê como a coisa corre.

A festa do Avante! nem teria que alterar grande coisa para ser a rentrée de todos os portugueses vindos do Algarve, talvez só uma comida mais leve e respeitadora do género de pessoas que não quer comer pezinhos de porco de coentrada alentejano ou chouriça de Vinhais enquanto tiver o corpo bronzeado e a caber à justa na roupa comprada para o Verão e que com muito sacrifício evitou o apelo do Dom Rodrigo, figos e medronho algarvios, apesar de não saberem o que perdem ao evitar essas iguarias.

Enfim, à festa do Avante! inclusiva bastaria acrescentar água de uma fonte natural mais exótica, uma espetada de frutas frescas ou saladas artesanais e um pouco de sushi (japonês, nunca norte-coreano que neste momento é radioactivo). Tudo coisas que até já deve haver, mas andam misturadas com as tripas à moda do Porto, que Deus as tenha. Em verdade vos digo que hoje dificilmente se topa a lagosta servida na marisqueira setubalense, um must a dividir por 4 almas esfomeadas, acompanhada de um flute de champagne ou Fiúza 3 Castas Nature ali do Tejo. Bem bom!

À festa do Avante! realmente pouco falta. Já tem muito desporto, fado e política. Se removessem as gomas no espaço destinado às crianças obteriam um evidente upgrade que permitiria um afterhours para pais e mães tipo responsáveis. De resto, seria constituir equipas de public relations, fazer guest lists, zonas VIP, muitas fotografias sem nuvens de pó levantado do chão, um sunset temático, uma noite com um DJ “a sério”, kuduro no palco solidariedade e um debate.

Sim, a festa do Avante! mudava definitivamente quando fizesse um debate sobre empreendorismo feminino, sub-tema “vender biquínis e fatos de banho es-pe-ta-cu-lares no Verão para levar à praia do Ancão”. Nesse dia passaria a chamar-se Avant! Sim, meus caros, avant tout le travaille que as férias já acabaram.

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