Opinião: Manter actuais ideias velhas?

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Luís Santarino

Quando a comunidade de cidadãos se sente bem com o que tem, sendo que o que tem é muito pouco, e se enclausura nas suas fronteiras – como se neste mundo ainda existissem fronteiras – valerá a pena clamar pela sua identidade?

Valerá a pena um valente puxão de orelhas? Valerá a pena abanar as cabeças, ou aquilo que tem entre as orelhas em nome de um desígnio comum?

Não sei a resposta, mas gostaria de “lá chegar”!

O problema adensou-se quando as cidades começaram a ser, primeiro dominadas e depois governadas por aldeões. A lógica de aldeia colide frontalmente com a lógica da cidade.

Nada tenho contra quem veio da aldeia e se conseguiu adaptar à cidade. Mas já tenho contra os que chegando à cidade e, passados muitos anos quando ainda lhes perguntam porque caminham na estrada, respondem: “sabe, na aldeia não há passeios”!

Ora, pessoas inteligentes percebem que uma ideia que poderá desencadear um projecto, só terá êxito se poucos ou nenhuns tiverem oportunidade de “colocar o pau na roda”!

Na política, apesar da lógica do “centralismo democrático” não ter avançado – diria eu, ainda bem – a verdade é que a tendência é para uns quantos se acantonarem, dispararem em todos os sentidos, conquistarem novas trincheiras porque as mentes vencidas são fracas e, a partir daí, agirem de forma “contraleira” das consciências.

É uma pena ser assim. Uma pena sobretudo porque existem muitos cidadãos que, ao sentirem-se ostracizados, se afastam da vida comunitária para se entregar ao pensamento, só, de que não advém como consequência, nenhum desenvolvimento.

As entidades que comunicam, entidades que podem ser individuais ou colectivas por que vivem ainda do passado e não perceberam que o que foi verdade antanho o não é hoje, limitam uma, ou a, visão de futuro.

Ser competente, ou meta-competente, determina ser possuidor de um conjunto de ferramentas. Se não foi seu detentor, ou sendo-o, não as conseguem transformar numa mais valia para a sociedade, então, a falência do sistema está a caminho.

Muito de novo está a acontecer, para se manterem actuais ideias velhas!

O mundo mudou porque as pessoas mudaram. O mundo não se muda sem interferência. Como somos todos nós que o fazemos, também seremos nós as vítimas das suas próprias contradições.

Poderá a sociedade sofrer grandes transformações que coloquem em causa a nossa sobrevivência, ou pelo contrário, a nossa sobrevivência sairá reforçada?

Se nos recolocarmos no nosso mundo perceberemos rapidamente que só poderemos sair reforçados.

É urgente desenvolver uma política comum de desenvolvimento, assente sobretudo na definição de objectivos, na construção de projectos alternativos e, por fim, na validação de todo o processo.

Isto só se consegue fazer com pessoas competentes e não com políticos de pacotilha que é o que vamos tendo na urbe e no país.

É uma crítica, sim, a todos, entre os quais eu me incluo, porque não soubemos ou não quisemos, ou ainda, não queremos assumir as nossas responsabilidades.

Coimbra deverá ser muito mais do que a soma das partes.

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