Opinião: Eleições autárquicas

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Norberto Canha

São já a 1 de Outubro as eleições para as autarquias (Câmaras e Juntas). Estou altamente surpreendido pelas tão parcas notícias que surgem nos jornais e na imprensa falada (televisão e rádio).

Assim, iremos votar no escuro ou, em casos concretos, na partidarice. Os seus compromissos e o pensamento que leva a esses compromissos não está expresso. Pelo menos terão algum mérito os cartazes espalhados pela cidade de Coimbra e a figura dos candidatos, a brancura dos cabelos e o sorriso da juventude que os rodeia.

Devem ser candidatos pensando no futuro, na juventude. Mas não podem dispensar o voto e a experiência dos velhos. E é nessa qualidade que me vou expressar.

Até houve alguém, industrial da construção civil, que me quis entusiasmar a candidatar-me. “Nem pensar!” Foi a minha resposta, mas quase de certeza o subconsciente do meu pensamento terá persistido, dado que tendo algum poder político, ao tempo, defendi que se deveria candidatar um dos actuais candidatos e não outro, como veio a acontecer.

É que um candidato à Câmara deve ser arrojado, não se encerrar no gabinete e só receber quem lhe convém. Tem que circular pelas redondezas e pela cidade e até andar de transportes públicos para ver quais são as deficiências e como corrigi-las, como avançar. Deve exigir o mesmo dos seus colaboradores, mas tem de ser o primeiro a levantar-se e o último a deitar-se, e não ser um aristocrata do passado, que raras vezes via o sofrimento de quem o rodeava.

No caso de Coimbra, o candidato deve ter a ambição de constituir uma área metropolitana com objectivos comuns, que jamais permitam que secundarizem Coimbra como o fizeram. Situando-se na região Centro, a quilometragem nas autoestradas e não só refere apenas Porto e Lisboa…

Senhores candidatos a Presidentes, sejam arrojados! Sintam vergonha do estado lamentável em que se encontra a cidade! Cheia de escritos nas paredes, em todas as ruas de maior visibilidade… Não me digam que não é possível terminar com eles. Se o decidirem, falem comigo e dar-lhes-ei a receita…

As pessoas de mais valia, por não terem trabalho, deixam a cidade para irem para o Porto ou para Lisboa, ou ainda para o estrangeiro… Vão para o Kuwait, para o Iraque, até porque já lhes poderão ir faltando para emigrarem os países da comunidade europeia…

Senhores candidatos, ex-candidatos, alguma vez lhes ocorreu que a saúde em Coimbra se está a degradar? Se lhes ocorreu, não actuaram, porque deviam ter feito um apelo à Comissão de Saúde da Assembleia da República para vir ver in loco e investigar a causa do que está a acontecer. Coimbra, com um Hospital novo, era o Centro da Medicina Portuguesa. Vinham para cá de todo o país e agora estão a ir para lá…

Dou um Conselho aos Senhores Directores de Serviço… Que façam um relatório sobre o estado do serviço, sobre as suas necessidades e o que há que fazer para ombrear com serviços da mais alta qualidade não só no país, como na União Europeia. E se não o quiserem fazer ou tiverem relutância em o fazer, que os colaboradores lhes imponham essa obrigatoriedade, porque só a partir desse momento é que cessa a sua responsabilidade sobre o que poderá vir a acontecer.

Relatório esse que, individualmente, mandarão ao Director do Hospital e, nesta primeira fase, um outro que enviarão ao Ministro da Saúde. Só a partir desse momento é que a responsabilidade deixa de ser do Hospital e passa a ser do Governo, e o Governo tem de ter consciência de que não pode continuar a utilizar a mesma linha de rumo, como o aumento dos impostos, mas sim instigar a produtividade.

Para que todos nós tenhamos um lugar onde trabalhar e que não tenhamos que emigrar…

E quanto ao Ensino? Está deplorável… E a política? O partidarismo… Uma tragédia… Os políticos só têm 4% da credibilidade do povo português e põem e dispõem a seu bel’prazer. Quer-se falar com um político e ele não tem tempo para nos receber.
Senhores candidatos a Presidentes da Câmara, podem não saber, mas pelo menos arranjem conselheiros que saibam, libertos de partidarice, para ver se se tira Coimbra do caos em que caiu e para que haja emprego para todos nós e não tenhamos necessidade de emigrar.

Muito teria a dizer sobre este item, mas já não haverá espaço no jornal para continuar a desabafar, com a esperança de que tudo se virá a alterar.

Que haja glória da parte dos vencedores e que mantenham a honra os vencidos. Que os honrados difundam essa honra pelos vencedores.

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