Perto de 25 mil hectares arderam durante os incêndios de grandes dimensões que ocorreram em agosto de 2016 em Arouca (Aveiro) e que alastraram a S. Pedro do Sul (Viseu), concelhos que, um ano depois, ainda estão a recuperar desta calamidade. Este é um exemplo que pode servir de alerta para os mais recentes casos de incêndios florestais.
Só em Arouca, entre 7 e 17 de agosto de 2016 arderam 15.500 hectares de floresta, o que provocou prejuízos que a autarquia estima em “mais de 100 milhões de euros”.
Segundo o presidente da Câmara, José Artur Neves, “as contas são fáceis de fazer: eucaliptos de 0 a 6 anos de idade não valem nada, mas de 6 a 10 anos ainda se podem vender. Ora, se metade da área ardida tinha eucaliptos com menos de seis anos, que se deram por perdidos, o prejuízo do proprietário foi de 8.000 euros por hectare”.
“Com mais 2.000 euros em custos de limpeza pós-incêndio e outros 2.000 para replantação, isso dá 12.000 euros de prejuízo por hectare. A multiplicar por 7.750, só aí chega-se aos 93 milhões”, acrescentou. O presidente da autarquia disse que “do Estado ainda não veio um euro”.
As restantes perdas prendem-se com o turismo, uma vez que o fogo obrigou ao encerramento por algumas semanas dos Passadiços do Paiva, que podem acolher até três mil visitantes por dia (ao preço de um euro por pessoa) e que também geram receitas nos restaurantes, hotéis, táxis e comércio locais. O prejuízo neste terá sido de quatro milhões de euros.
A isso acresce ainda a questão da perda de pasto natural para a criação pecuária. A situação gerou, contudo, uma onda de solidariedade nacional, com cidadãos privados e produtores de outras regiões do país a fazerem donativos de várias toneladas de alimento à Cooperativa Agrícola de Arouca.
Este fogo que começou em Arouca e entrou a 8 de agosto no concelho vizinho de S. Pedro do Sul. De acordo com o presidente da Câmara de São pedro do Sul, Vítor Figueiredo, o fogo provocou “cerca de nove mil hectares de área ardida”.
O autarca sempre se escusou a apontar um número para o total dos prejuízos provocados por este incêndio, até porque nunca foi feito “um levantamento exaustivo sobre isso”.
O município viu aprovadas três candidaturas para reflorestação, abertura de estradões e reparação da rede viária existente, num total de cerca de meio milhão de euros, metade do valor que tinha sido pedido.
“Não fizemos muito até ao momento, porque as candidaturas foram aprovadas em abril/maio e já não era altura para se fazer a reflorestação dos pinhais”, explicou Vítor Figueiredo, acrescentando que está à espera dos meses mais frescos de outubro e novembro para lançar o concurso público.