A viagem sempre fez parte de mim. Viajei lendo as aventuras de Emílio Salgari e de Júlio Verne, romances em que a aventura se dissolvia com o exotismo, com cores e cheiros adivinhados. Seguiram-se Pearl Buck, Pierre Loti, Julian Green, Alberto Moravia, David Leavitt, Robert Dessax, Paulo Varela Gomes, Miguel Portas e tantos outros.
Com o passar dos anos, vivi a frase de Edmon Jabés: “Nunca digas que chegaste, por toda a parte és viajante em trânsito”. A Espanha, a Europa Central, a Grã-Bretanha, a União Soviética. Visitei-as conforme pude. Praga levou-me lá três vezes. Depois, o convite para ir trabalhar para Macau possibilitou-me conhecer, na Ásia, inúmeros países onde “investi” em périplos variados, grande parte das patacas que ganhei. Mas do Tibete ao Japão, passando pelo Sri Lanka e o Bornéu, por lá andamos, a minha mulher e eu.
Há alguns anos tive nas mãos uma edição do livro “O Viajante universal, ou notícias do mundo antigo e moderno”, obra composta em francês por Mr. de Laporte, traduzida em Espanhol e agora vertida em português”. Li-o na sua edição de 1799. Com licença da Mesa do Desembargo do Paço. “Lá encontrei a descrição da entrada de Albuquerque em Goa., cidade de que falarei um dia com mais tempo. Sempre defendi que o período das Descobertas deverá ser estudado, com distanciamento, sem nacionalismos serôdios, mas com empatia e vontade de conhecer a história.