Opinião: Manuel Teixeira Gomes

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Pedro Mota Curto

José Libânio Gomes é um abastado comerciante algarvio. Reside em Portimão e negoceia frutos secos, sobretudo figos e amêndoas. Em 1851, participou na Exposição Universal de Londres, onde foi premiado pela qualidade dos seus produtos. Em 1855, participou na Exposição Universal de Paris e voltou a ser premiado. Em 1876, participou na Exposição Universal de Filadélfia. Os frutos secos que produz nas suas propriedades algarvias são exportados para vários países, com assinalável sucesso. O meio de transporte utilizado é o marítimo, fazendo uso do porto existente na foz do rio Arade, pois as vias terrestres em Portugal não são as mais expeditas. Neste ano, já o seu filho, Manuel Teixeira Gomes, estava matriculado no curso de medicina, na Universidade de Coimbra.
Até 1885, Manuel Teixeira Gomes, muda de curso, deambula por Coimbra, Porto e Lisboa, escreve para jornais e revistas, convive com intelectuais e artistas, frequentando um meio urbano e boémio de intenso convívio social.
Nesta data já desistira do curso de medicina, regressando a Portimão para trabalhar com o pai no negócio dos frutos secos. Nos anos seguintes viaja por toda a europa conjugando os negócios com intensos programas culturais.
Em 1898, a Alemanha e a Inglaterra assinam um convénio tendo em vista a partilha das colónias portuguesas. Em 1913, irão mesmo assinar um acordo secreto no mesmo sentido. Tal facto iria condicionar a evolução da história de Portugal ao longo de todo o século XX.
Em 1905, aos oitenta anos de idade, morre o pai de Manuel Teixeira Gomes que no ano seguinte se filia no Partido Republicano Português.
No dia 5 de outubro de 1910 é implantada a República. Manuel Teixeira Gomes estava em Portimão. Em 1911 é nomeado ministro plenipotenciário em Londres, onde irá defender os interesses do novo regime português a par de uma intensa vida social e cultural, conseguindo o apoio da monarquia inglesa à nova república portuguesa, em detrimento de D. Manuel II, refugiado em Inglaterra até à data da sua morte, em 1932.
Em 1914, inicia-se a fatídica Primeira Guerra Mundial. Os irresponsáveis políticos europeus não equacionaram da melhor maneira os milhões de mortos e a destruição que iriam provocar ao longo de quatro anos. Esta guerra seria também fatal para a I República Portuguesa ( 1910-1926 ). Nem Afonso Costa, nem Bernardino Machado, nem António José de Almeida, nem Manuel Teixeira Gomes conseguiriam impedir o advento da ditadura que condicionou o desenvolvimento de Portugal até 1974.
Em 1916, a Alemanha declara guerra a Portugal. No ano seguinte, o Corpo Expedicionário Português parte para França. Nas colónias, os soldados portugueses também combatiam pela manutenção do secular e tão cobiçado Império. Tal esforço económico e social aniquilou a difícil modernização que estava em curso neste país. Os republicanos acabariam totalmente dizimados pelas dificuldades financeiras provocadas pela entrada de Portugal nesta guerra que estava muito para além das nossas possibilidades.
Em julho de 1918, Manuel Teixeira Gomes esteve de férias na Figueira da Foz.
Em 1923, deixa o cargo que exercia em Londres para assumir as funções de Presidente da República. Demite-se em 1925 desiludido com a política e com os políticos, sendo substituído por Bernardino Machado. Nesse ano abandonou o país. Morreu na Argélia em 1941.

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