Opinião: Fazer de conta e não prestar atenção aos detalhes

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Norberto Pires

Obras de nada: fazer o que é necessário para evitar/minimizar acidentes não é visível. Não é considerado “obra”. Se um autarca for diligente e fizer manutenção e prevenção, dos caminhos, da floresta, das árvores, dos rios e outros cursos de água, das praias e falésias, etc., não pode apresentar isso como “obra” para ser eleito, porque não tem como mostrar o que fez: e se mostrar não tem impacto, pois ninguém presta atenção aos detalhes. Evitou mortes, evitou feridos, evitou perdas de bens materiais… mas isso não é valorizado, porque falamos do que não aconteceu. A melhoria da qualidade de vida das pessoas é de somenos para muitos. Que valor tem isso quando comparado com uma rotunda com relva, luz e uma obra de arte?
Por isso, governar bem, pensando nas pessoas, no seu modo de vida, na sua qualificação e na cultura, não é prioritário. O que é necessário é fazer “obra”. Aliás, no final de cada mandato a pergunta de todos é sempre a mesma: que “obra” fez este senhor(a)?
Não se admirem por isso que o vosso dinheiro, sim porque o dinheiro que eles usam não é público, é vosso, dos contribuintes, seja desperdiçado em OBRAS DE NADA.

Ágata: parece que é candidata autárquica num concelho do interior, fazendo parte de uma lista independente que tem o apoio do CDS. Qual é o objetivo? Nenhum. Somente obter votos de alguns eleitores que não prestam atenção a programas políticos, à experiência dos candidatos e respetiva preparação para as funções a que concorrem. E claro, tratou logo de fazer declarações políticas, uns momentos depois de ter posado para a fotografia com a sua apoiante “Conceição” Cristas. E o que disse na primeira declaração política? Eu cito: “As prioridades são a minha preocupação”. Fantástico, seja lá o que isso quer dizer.

Carlos Costa: esta semana estive a ver a reposição do “Assalto ao Castelo” da SICN. Penso que não tinha visto com a devida atenção em Março. Carlos Costa, Governador do Banco de Portugal é particularmente visado e diretamente acusado.
Nesta semana também ficamos a saber que CARLOS COSTA não sabia nada sobre RUI CARVALHO, o funcionário do BdP (Departamento de Mercados e Gestão de Reservas), que vendeu ações do BES dois dias antes da resolução do banco, tendo acesso a informação privilegiada. Carlos Costa argumenta que nada sabia e culpa o DMR e o consultor de ética (Orlando Caliço) do banco por não reportarem a situação à administração do BdP.
ORLANDO CALIÇO terá tido conhecimento do caso 3 meses depois da resolução, mas como obteve de Rui Carvalho a declaração que “comprou as ações, mas vendeu-as na manhã de 1 de agosto quando soube que iria trabalhar diretamente sobre o BES”, achou que estava tudo esclarecido e “… já não havia uma situação de conflito de interesse para avaliar“.
RUI CARTAXO, administrador do Novo Banco (o banco BOM do processo de resolução do BES) é arguido no caso EDP/REN, que tresanda a corrupção e em que as ligações ao BES são mais do que muitas, mas o BdP e Carlos Costa em particular não tem nada a dizer.
Em qualquer país DECENTE do mundo, Carlos Costa não poderia ser Governador do Bando de Portugal. A pressão mediática obrigaria a que se demitisse de imediato. O facto de este país continuar a TOLERAR este senhor como Governador do Banco de Portugal diz tudo sobre o nosso amor-próprio e sobre o respeito que temos por nós mesmos.

Dívida pública: não sei se repararam, mas a dívida pública aumentou de novo e está agora nos 132,4% do PIB. O valor em causa é astronómico: 249,084 mil milhões de euros. Nos primeiros seis meses de 2017 aumentou 8,083 mil milhões de euros. O país não pode continuar a endividar-se desta forma. Procuro diariamente boas notícias sobre poupança, melhoria das contas do país, mas o que vejo deixa-me muito preocupado. O Estado continua a aumentar, ainda no outro dia li que o número de funcionários públicos voltou a aumentar em vários milhares, e não vejo, como não vi no passado, uma política coerente e sistemática de desendividamento. Os Portugueses têm de ter consciência deste gigantesco monstro que todos estamos a alimentar e não podem apoiar aqueles que o ignoram e deixam que cresça. Caso contrário a próxima crise será avassaladora.

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