O iParque está abandonado. Porquê?

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Norberto Pires

No iParque foram gastos cerca de 11 milhões de euros em infraestruturas e um edifício, o Centro de Negócios Vinci. Um outro edifício, a aceleradora TESLA, apesar de financiado e com projetos realizados e pagos, não foi construído e foi abandonado. De 2007 a finais de 2011 o iParque tornou-se uma realidade, atraiu empresas e, por momentos, pareceu que ia sobreviver à sina de Coimbra e que conseguiria mudar a face da cidade. Caiu no limbo da indecisão, da incapacidade de pensar a cidade, da incapacidade de perceber aquilo que nos pode diferenciar e, consequentemente, pode atrair e fixar empreendedores e como isso atividade económica e emprego. Passaram mais dois anos de total indefinição até às eleições autárquicas de 2013. Mas o iParque, uma empresa que tentei fosse gerida com a participação de várias entidades públicas e privadas, resistiu. Em 2013 muda o poder autárquico. E nada acontece. Passam-se 3 anos em que o maior acionista ignora completamente aquele espaço. Três anos com a sua assembleia-geral suspensa, sem aprovar contas, sem estratégia, sem atividade. Colapsou financeiramente e hoje é um espaço triste, sem manutenção, abandonado e à espera de poder cumprir as suas enormes potencialidades.
O que eu não entendo é a razão de tudo isto. Na verdade, olhando para as outras áreas de localização empresarial de Coimbra (Eiras, Pedrulha e Taveiro), nota-se exatamente a mesma coisa. Um total desinteresse pelas empresas industriais e pela a economia.
Coimbra não quer ter empresas industriais?
Decidiu que produzir bens transacionáveis não é atividade que lhe interesse?
Não quer inovar, sendo capaz de gerar atividade empresarial, de cariz industrial, tendo por base conhecimento que gere em muitos dos seus centros de saber?
Decidiu que é um concelho de funcionários públicos e de serviços?
Quando é que decidiu tudo isso? Foi por meios democráticos? Quando?
Por que razão abandonou o iParque?
A câmara municipal fez agora um regulamento para atrair empresas com que objetivo? Só para dizer que fez? Como se compreende isso, olhando para o estado de abandono das várias áreas de localização empresarial do concelho, das quais o iParque é o exemplo mais flagrante?
O que vai dizer às empresas que confiaram em nós, em mim em particular, e se instalaram no iParque? E aquelas, muitas, que compraram espaço e, verificando a indecisão, nunca realizaram os seus projetos? Que é feito delas? Que lhes vamos dizer?
O que vai dizer à Innovnano, a única empresa de nanotecnologia do país, que gastou 15 milhões de euros no iParque, comprou o seu maior lote ( 3 ha) e instalou uma unidade produtiva no iParque? Como vai honrar os compromissos de confiança que permitiram que essa e outras empresas se instalassem aqui? Como vai honrar o facto de eles terem dito, quando se instalaram, que escolhiam Coimbra pela qualidade do espaço, pela qualidade do serviço prestado e pela relação privilegiada que tinham com a Universidade de Coimbra? Não é isso que qualquer cidade do mundo procura? Que a escolham porque se organizou e tem bons serviços? Porque o apoio da universidade é uma mais-valia?
Então e começou a construir isso e… deitou tudo fora?
Mas, que raio de lógica tem tudo isto?
Coimbra não é capaz de se afastar dos partidos, das suas lógicas mesquinhas e trabalhar para se fortalecer, ser capaz de se diferenciar e ter fatores de atração de pessoas e de atividade económica?
Qual é a razão de tudo isto?
Podem responder-me?
Esta cidade não se dá ao respeito e desistiu de si própria?

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