Já perdemos a liberdade até no subconsciente. O que antes era normal, hoje deixou de o ser. A quase tragédia em Turim, com 1400 feridos, no final da “Champions”, por conta de um petardo que gerou a sensação coletiva de uma bomba, é disso um bom exemplo.
O temor e a apreensão com possíveis ataques terroristas são de tal ordem que um qualquer estrondo leva ao pânico geral, as pessoas atropelam-se e ferem-se gravemente por conta de uma ilusão.
O contexto atual é tão absurdo, que, além de aprendermos a lidar com a materialização de ataques terroristas, já é preciso saber conviver também com a simulação ou a mera semelhança (sonora, por exemplo).
Afinal de contas, quantas vezes não escutámos – sobretudo em ambientes coletivos associados ao futebol – o som de petardos sem que isso gerasse qualquer reação condicionada?..
Agora, por conta de um subconsciente aprisionado, a fuga e a desorientação geral são reflexos a um mero estímulo – quais cães de Pavlov – que coletivamente associamos a bombas ou ataques terroristas. Ou seja, deixámos de ser livres até no subconsciente!
Essa perda de liberdade teve mais um lamentável episódio, em Londres. Quase simultâneo com o que se passou em Turim, porém de maior gravidade pelos diversos mortos e feridos. De novo, atropelamentos discricionários e agora grotescas facadas em tom medieval.
Estamos a chegar à conclusão que já não basta estarmos muito atentos nas ruas, evitar grande aglomerações ou conviver naturalmente com polícia e exército nas ruas. Os terroristas usam, agora, as formas mais imprevisíveis e sinistras para matar. Vale tudo!
Ora, exige-se, inelutavelmente, uma reação diferente dos governos democráticos e civilizados, que estão – do Ocidente ao Oriente e de Norte a Sul – a perder essa guerra sem quartel e cujos custos (não apenas em vidas, mas também em liberdades) não podemos mais aceitar pagar.