O debate em torno da ampliação de espaços comerciais ao terreno do Horto teve a virtude de trazer para o debate o modelo de cidade queremos. Queremos uma cidade que se dilui em extensas periferias pejadas de grandes superfícies que obrigam à utilização do transporte individual para realizarmos as nossas compras? Ou aspiramos a uma cidade com um comércio local pujante, gerador de emprego e receitas locais, capaz de animar e dar vida aos bairros históricos e arquitetonicamente mais interessantes da cidade? Queremos que as receitas dos impostos sejam coletadas localmente ou na Holanda?
Apesar de todos os erros do passado, da betonização e do sacrifício de amplas áreas de corredores verdes, apesar do rude golpe no comércio local dado pelo exagero de oferta de grandes superfícies, ficou claro que há quem continue a pensar na cidade virado para o passado.
O nível de endividamento da cidade é em grande medida resultado desses erros. Mas não houve apenas erros, também se cometeram crimes. Crimes esses que ficaram por punir, contudo tiveram a virtude de mobilizar inúmeros cidadãos contra essa forma de pensar a cidade.
Estes cidadãos não esqueceram esses tempos e a reação a propostas contidas no PDM que permitam o regresso ao passado tem agora resposta quase imediata. Se houver por aí tentações à solta, agora será mais difícil prevaricar.