Antes de mais, devo dizer que não sou festivaleiro. Quer o festival da Canção, quer o festival da Eurovisão são daqueles acontecimentos que me passam completamente ao lado. Nem me lembro mesmo que eles existem.
E este ano não fugiu à regra. Só ouvi a canção portuguesa porque a minha filha insistiu muito para que eu a ouvisse e fez questão de a pôr a tocar no telemóvel à hora do jantar. Não fosse isso nem sabia que existia uma canção portuguesa concorrente à Eurovisão. E, para ser sincero, não achei a canção nada de especial. Mas, como não ouvi sequer nenhuma das outras, não tenho termo de comparação.
Em todo o caso, a vitória portuguesa no Festival da Eurovisão é um daqueles acontecimentos tão surpreendentes, tendo em conta a forma de votação, o peso cada vez maior dos países de leste e a fraca expressão da nossa música no contexto internacional, que nem mesmo com a intervenção divina julguei ser possível de suceder.
Era mais fácil prever a vitória portuguesa no Campeonato da Europa de Futebol com um golo de Éder do que uma vitória portuguesa numa Festival da Eurovisão.
Depois da vitória portuguesa, que nos deve encher obviamente de orgulho, em virtude de se tratar de um feito absolutamente extraordinário e de dimensão mundial, tive curiosidade de conhecer e ouvir o vencedor.
E devo dizer que me surpreendeu muito positivamente pelas suas declarações depois da vitória. O nosso Salvador, pelo seu anti-vedetismo, contrasta abertamente com o vedetismo do outro salvador que nos ajudou a ganhar o Euro. Salvador é, de certa forma, um anti-Ronaldo. E, para ser sincero, identifico-me mais com este perfil.
Parabéns, Salvador! Pelo feito deveras notável conseguido e pelo carácter demonstrado!