O que se passa em França é uma fúria silenciosa de muitos a uma laxidão de exigência, a uma formulação de direitos que não carrega deveres e não obriga a limitar liberdades.
Nenhuma liberdade é totalmente livre ou viveríamos no direito do mais forte. Nenhuma moral pode excluir o princípio “faz o melhor que gostarias que te fizessem a ti” quando trabalhas para os demais e vives colectivamente.
O problema é quando há jornalismos imprecisos e insultos nos bolsos para atirar constantemente a quem manifesta a sua opinião e a sua revolta.
Eu detesto os que de modo insolente arrumam os carros mal, os que passam as filas, os que desrespeitam e destratam. Detesto a vizinhança ruidosa às horas de dormir. Para tudo isto se criou a Lei. O primado do direito para permitir a vivência comum.
Em França há uma comunidade estrangeira (como o Achigan nos nossos rios, como o nemátodo nos nossos pinheiros, como a abelha asiática) que se enraizou e passou a ser normal no país. Essa comunidade ao contrário de outros invasores como portugueses e espanhóis que se aculturaram, cresceu numa atitude de crítica e de obscurantismo propositado. Na sua atitude máxima são contra os nossos costumes, os nossos trajes, as nossas leviandades, o mundo gay, os direitos lésbicos, o casamento do mesmo sexo, a exibição do corpo. São contra e provocam e insultam.
Não todos, como é óbvio, mas um número incontornável que leva a ter a população das cadeias francesas pejada dessa comunidade. Claro que se a asiática não desse cabo das nossas abelhas não as queimávamos. Claro que se a comunidade cigana em Portugal fosse mais respeitadora era melhor recebida e melhor vista. Claro que há em todas as comunidades excelente, bom e medíocre. Os gadgés também são assim.
Em França há um cansaço da população ao exibicionismo e à perturbação pública de uma comunidade carregada de direitos e benesses sociais e que depois vandaliza, desrespeita e provoca. Se um vizinho mata as cabras no jardim, se um vizinho faz luta de cães na cave, se um vizinho urina a tua porta diariamente… pode ser de muitas raças, mas se for invasor catapulta a distância.
Le Pen não tem história de governação e portanto tem ausência de pecado do poder contrariamente a muitos outros que conduzem a governação com mão criminosa. Este é outro factor importante. Os “social fascistas” foram capazes de grandes atrocidades, de enormes crueldades contra a humanidade e não são atacados a cada instante. Bernardino há poucos anos votou um voto de louvor a um ditador Coreano. Enfim… esquerda pode! O fascismo realmente parece extinto. Há pessoas de direita enviesada mas nenhuma está no poder. Vislumbra-se um tiranete nas Filipinas. De discurso esquerdista já a montra é mais lata.
Le Pen é um produto aprimorado de dizer basta. Fillon não é menos de direita que Le Pen mas é mais envergonhado. Macron um centrista liberal, com uma agenda de reformas que desagrada à esquerda. Todos juntos ganharam as eleições francesas. Só por vergonha moral ou preconceito Le Pen não terá mais votos ainda. Se ela percebesse isto cilindrava as eleições.
Le Pen é uma opção construída da revolta violenta e silenciosa (a maior violência é a que se reprime “até ao dia” – o cão que morde não ladra) que surge da falta de regras para uns e impostos a rodos para outros. Instituições como a emel (estacionamentos de Lisboa) e as cobranças cegas, multas não razoáveis em valor, etc produzem a zanga latente que alguma esquerda não quer perceber.
As formigas estão fartas das cigarras e dos porteiros com bilhetes e dos carregadores de chicote. Por esta razão o povo vocifera das benesses dos políticos e dos Mexias e dos Banqueiros. Tudo junto conduz a um vómito truculento que pode dar vitórias a pessoas que representam ou interpretam o Basta! A simplicidade de alguns arremessos de palavras, de alguns insultos como argumentação, condiciona a discussão sobre França e Marine Le Pen. E atenção que ela pode mesmo ganhar porque as formigas zangadas são simples, trabalhadoras, silenciosas,às vezes iletradas e votam!