O país tem uma enorme dificuldade em se confrontar com os seus erros. Quando somos criticados, seja por quem for, a reação comum é negar. Gostamos ainda de prolongar ad eternum o argumento das nossas “debilidades estruturais” e as dificuldades impostas pelo “exterior”. Quando perdemos o jogo, a culpa é do árbitro (leia-se a UE), prejudicou-nos e “não gosta do nosso clube”. Apesar de Portugal ter sido o segundo país que mais Fundos Europeus recebeu em 2016. A Polónia foi o primeiro.
O país, com uma especial responsabilidade do Estado endividou-se à “grande e à francesa” para construir obras e comprar carros. O Estado pediu dinheiro aos Bancos, direta ou indiretamente, para construir parte do que é a infraestrutura atual do país. Quando não tinha dinheiro, enveredou pelas “famosas PPP”. Estamos todos a pagar essas decisões erradas, créditos concedidos para estruturas e instituições que nada produzem.
O concelho da Figueira da Foz poderia ser elevado a “caso de estudo” da má gestão local. Milhares de milhões de euros desbaratados em obras com um coeficiente de utilidade nulo: autoestradas sem trânsito, prédios vazios a degradar-se, obras costeiras (“molhes, paredões”) que agravaram o problema da erosão costeira, em vez de o resolver, uma linha de caminho-de-ferro renovada para logo encerrar, escolas com equipamentos sobredimensionados e disfuncionais, e, enfim, uma Câmara Municipal que continua fortemente endividada.
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