Opinião – Emigração Portuguesa

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Pedro Mota Curto

Em fevereiro de 2017, a ONU publicou o seu relatório anual, “Relatório do Observatório da Emigração”.
O panorama, no que respeita à emigração dos portugueses, não é muito animador. Em 2015, ano a que se refere o relatório, 22% dos portugueses viviam em países estrangeiros.
Entre 2010 e 2015, a emigração dos portugueses foi sempre aumentando, de 70 000 para 110 000 saídas anuais, sendo que entre 2013 e 2015, o número de emigrantes manteve-se constante, tendo emigrado 110 000 portugueses em cada ano. Só encontramos valores desta grandeza se recuarmos à década de 1960, no século XX.
A diferença é que atualmente, a maioria dos que partem são os mais jovens e mais qualificados, sendo que este lamentável fenómeno, a continuar, poderá vir a ter efeitos devastadores na economia e na sociedade portuguesa, condicionando fortemente o almejado e sempre adiado desenvolvimento nacional.
Muitos destes jovens dificilmente regressarão a Portugal, acentuando o envelhecimento e o torpor da Nação. Melhores empregos, carreiras e remunerações, casamentos, filhos e melhores condições de vida, melhores condições de trabalho, mais tempo livre e uma qualidade de vida acrescida, poderão levar a que esta nova geração portuguesa, altamente qualificada pelas nossas escolas e universidades, possa, afinal, contribuir para o desenvolvimento de outros países que não Portugal.
Entre 2001 e 2007, a emigração dos portugueses também aumentara, apesar de os fluxos terem sido inferiores, de 40 000 saídas em 2001 para 90 000 em 2007.
De acordo com este relatório da ONU, em 2015, viviam no estrangeiro 2,3 milhões de portugueses, a maioria, cerca de 62%, em países europeus.
Em 2015, o Reino Unido foi quem acolheu mais emigrantes portugueses, em número superior a 32 300, seguindo-se a França com 18 480 e a Suíça com 12 325. Alemanha ( 9195 ) , Angola ( 6715 ) e Espanha ( 6638 ) integram igualmente a lista dos principais destinos.
No ano 2000, 62% dos nossos emigrantes possuíam como habilitação académica o ensino básico, enquanto apenas 6% estavam habilitados com formação superior. Em 2011, a situação tinha-se invertido, pois 11% apresentava o ensino básico e 62% o ensino superior. O investimento que Portugal efetuou nestes jovens irá beneficiar as economias de outros países.
Em 2015, Portugal era o segundo país europeu com maior taxa de emigrantes ( 22%) logo a seguir a Malta, com 24,7%. Em terceiro lugar surge a Croácia, com 20,6%, a Lituânia ( 18,9%) e a Irlanda ( 18,8%). Curiosamente, no total de países que integram a União Europeia, a Espanha surge em último lugar com uma taxa de emigração de apenas 2,7%.
Um grande desafio para os próximos tempos será o de tentar estancar esta sangria e recuperar uma boa parte destes jovens, proporcionando-lhes boas condições de vida, de emprego, de carreira e de lazer.
Ingleses e franceses, entre outros, estão a descobrir que Portugal é um dos melhores países do mundo para viver. Então e não será possível governá-lo de forma a que os autóctones possam raciocinar de igual forma? Esta é a tal questão que vale um milhão de dólares…

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