Opinião-Abril a começar

Posted by
Spread the love

Francisco Queirós

Abril é o mês da Revolução da liberdade que rasgou o caminho para a dignificação deste povo inteiro que nas ruas e nos locais de trabalho foi conquistando direitos fundamentais e amplas liberdades. Abril é o mês da Constituição da República, promulgada a 2, decorria o ano de 1976. Também em Abril, há 25 anos, morreu Salgueiro Maia. A 4 de Abril de 1992. Recordá-lo hoje é evocar o exemplo dos jovens militares de Abril. A generosidade e a coragem que abriu portas à liberdade. Antes, milhares de homens e mulheres, republicanos, anarquistas, democratas de diferentes tendências e sobretudo comunistas, deram o melhor das suas vidas pela liberdade, submetidos a perseguições, a expulsões do trabalho, a prisões, a torturas e mesmo a assassinato.

Fernando José Salgueiro Maia nascido em 1944, em Castelo de Vide, foi um dos rostos da madrugada de Abril de 74. Depois de frequentar a Academia Militar e a Escola Prática de Cavalaria, desempenhou funções de alferes-comando em Moçambique, durante a Guerra Colonial. Era um jovem capitão quando, naquela madrugada, dirigiu as tropas revolucionárias de Santarém até Lisboa. Tomou os ministérios do Terreiro do Paço e o quartel da Guarda Nacional Republicana, no Carmo, onde estava refugiado o chefe do Governo, Marcello Caetano, que se lhe rendeu.

Ficou na memória de todos, o discurso que proferiu aos seus homens na parada da Escola Prática de Santarém antes de avançar para a capital. “Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados sociais, os corporativos e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos! De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!”

Depois, seguir-se-iam dias de fazer esperança, de dar vida a sonhos antigos, de expulsar fantasmas, pesadelos e monstros. Um povo quando acorda é assim. Viu-se.

No princípio de Abril, nesta cidade de Coimbra, evoque-se esta vontade. O que faz falta é acabar com o estado a que chegámos. Quem for voluntário, que venha. Quem não quiser, que fique!

 

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

*

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.